Fui mais vezes a cemitério como repórter do que pessoa comum. Não é que eu não goste do lugar. É que eu acho desnecessária a ida. Tenho uma coisa só minha: levo comigo as lembranças de quem partiu. Onde quer que eu esteja. Eu, por exemplo, gostaria que as próximas de mim recordassem de alguma coisa que eu falei, de alguma música que eu cantei, uma piada, sei lá. Gostaria, inclusive, que minhas cinzas fossem jogadas lá pelas ruas do Menino Deus, em Porto Alegre, em meio às muitas árvores do bairro onde eu cresci.
Mas não tenho nada contra quem vai nem condeno. Imagina só. Muito respeito.
Peço licença, na madrugada seguinte ao Finados, para lembrar do meu avô materno: o seu Luiz Alberto Martins Fagundes. Ele morreu quando eu tinha uns 10/11 anos, mas a lembrança é muito forte até hoje. Bah, como a gente fazia coisa junto. Uma vez até me perdi dele lá na Expointer e fui parar na tenda da triagem, fazendo desenhinho do lado de um brigadiano. Chamaram o vô nos alto-falantes e tudo pra ele ir lá me buscar. Esqueci muita coisa da infância, mas dele, não.
Aproveito também para lembrar de um amigo que se foi agora há pouco: o taxista José Carlos, na juventude de seus 50 anos. Porra, o cara era perceiro, mesmo. Conheci a figura fazendo matéria na rua e o que era uma relação de prestador de serviços-cliente virou amizade. Além de todos os churrascos, os papos, as piadas, as histórias picantes para o jornal, o Zé era uma espécie de ponte com a vida real de Santa Maria. Claro que eu já conheço muita gente de Santa Maria (os que vieram de fora são um caso à parte). Mas nada como uma amizade sincera, né? Saudade do cara. Esse merece ser lembrado. E mereceu até a ida ao cemitério.
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