sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Diferentemente...

Correção - Não adianta. Jornalista e matemática não combinam. O blog fez 4 meses, e não 5 como eu havia dito em um post anterior. A informação incorreta foi calculada pelo próprio dono do blog.

Mutações


Entre 1 e 2 da manhã, ele levanta da mesa para ir ao banheiro. Deixar a mesa é um sacrifício. A cabeça já não está assim... tão no lugar. Um gole de cerveja como incentivo, e lá vai ele. Antes do Wanderlei Cardoso, um obstáculo: um gordinho de meia-idade e camisa social de cor clara está no meio do caminho com sua cadeira (meu pai, como é que a dona do bar não viu isso???!!!). De ladinho e beneficiado por um regime recente, ele passa incólume. Chega na porta estilo saloon. Os reflexos são mais lentos e, só depois de um tempo, percebe que acabou acertando a pleura de alguém com a tal portinha, naquele movimento de vaivém.
Finalmente, ele ingressa no ambiente fétido. Mas dois alguéns chegaram antes, um no mictório e outro no vaso sanitário. Enquanto aguarda, assobia, ao lado da porta estilo normal. De repente, ela se abre. O cabelo é curto e moreno. A jovem olha bem nos olhos dele. Em seguida, desvia o olhar para a placa na porta, que diz "masculino". Ela gira o pescoço e observa a outra porta lá fora: "feminino". Volta a mirar os olhos do incrédulo:
- Ahhhhh. Aqui é o dos rapazes...
A garota dá meia-volta. A porta se fecha. Direto da frente do vaso sanitário, o barbudo não se contém:
- Em noite de Mutantes, a gente não pode esperar menos do que isso.

***

O som é dos anos 60 e 70, mas parece atual. Pelo menos para os meus ouvidos. Deu para criar uma boa expectativa para as próximas amostragens do Jardim Elétrico (na foto divulgação lá de cima), que atacou só de Mutantes ontem à noite no Zeppelin. Baita repertório e baita instrumental (mas o tecladista ainda pode ousar mais, e a vocalista tem de perceber seus limites).


O melhor da noite: a Mila tava comportada.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Ah, esses humanos...

Já passei dos 30, mas não paro de aprender coisas. Desde a metade do ano passado, foram tantas... É bom isso, né? Saber que há surpresas na vida, que surgem situações em que você não sabe o que fazer. Tem mais: os erros aparecem, sim. Ninguém está imune. Eles estão aí para provar que somos humanos, somos falíveis.

Quer um exemplo recente? Então vou fazer uma confissão pública neste blog. Para ficar registrado nos anais...

Pois bem, aconteceu no final do ano passado. Quem me conhece sabe que tenho de exercer a posição de chefe. Aquele que manda, aquele que decide. E tive a oportunidade de chamar para trabalhar uma pessoa que eu não conhecia. A única referência que eu tinha era ter ouvido matérias dela na Rádio CDN. Volta e meia, eu não gostava de algumas coisas que ela fazia. Outras, sim. Mas acabei criando uma imagem negativa na minha cabeça. E isso foi protelando o tal chamado...

É difícil escrever isso sem sentir vergonha. Porque fiz um pré-julgamento. E, quase sempre, esse tipo de atitude não é legal. É bem passível de erro. Nesse caso, levei um belo tapa de luva. Pois descobri uma profissional com competência de sobra. Como se não bastasse, ela é uma grande pessoa. Será que alguém já a viu de mau humor? Tem alguém que não curta a presença dela por perto?

Ainda pergunto: tem como não sentir saudade? Não, né? Esse é o sentimento que vai ficar a partir desta sexta, quando essa menina deixa o convívio no trabalho e parte em busca da felicidade em Porto Alegre. Felicidade essa que ela nos trouxe enquanto esteve por perto. Agora, minha amiga, vá fazer outras pessoas felizes por aí. E sempre lembre que, por ser você mesma, fez um chefe rever seus conceitos, engolir sem água um pré-julgamento equivocado e aprender uma baita lição.

Agora, pelo menos, posso antecipar uma coisa, mas da qual tenho certeza: vamos sentir tua falta, Stefanie Silveira. Vai com Deus. E conosco no coração.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

O blog

Confesso que estou impressionado com o "fazer blog". Quando comecei a escrever este que vocês estão vendo, não sabia bem o que queria. Só tava a fim de relatar o que eu não podia no meu trabalho diário. Depois de um tempo, o santaporto também passou a ser uma espécie de confessionário. E começou a refletir tudo o que eu vivia no mundo real, de carne-e-osso.
Passados cinco meses (fecharam no dia 21), releio algumas coisas que hoje parecem ridículas, mas que não apago porque não sou censor. Outras soam emocionantes, regozijam a alma. E tem umas que soam muito depressivas, mas, se isso fez parte da minha história, que fique lá.
Navegando em um mar de tranqüilidade agora, vejo que há dias não muito inspirados. Mas, se estou a fim de escrever, não vou me esconder na falta de criatividade. Sou o que sou, sou o que escrevo, e ponto.
O bacana é que isso é mais uma brincadeira de adulto na qual me meti. Que graça tem a vida se não continuarmos brincando? E a galera que brinca comigo está crescendo, como dá pra ver nos links aí do lado direito. Tudo jornalista. Todos criaturas imperfeitas, como eu. Todos irmãos.
Até quando? Até ter algo pra dizer e alguém pra escutar.

***

Quer saber mais sobre a origem dos blogs? Olha aqui.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

A dinamicidade

Para quem trabalha em uma redação de jornal diário, TV ou rádio, a frase "está tudo tranqüilo" soa quase como uma maldição. Porque isso pode mudar em minutos. Um acidente, um assassinato, uma renúncia... Não dá para prever os fatos.
No último domingo, por exemplo. Tudo se encaminhava para que o jornal fechasse em, no máximo meia hora. Mas o telefone tocou. Do outro lado, a notícia: mais um morto em acidente. Era o quarto do fim de semana. Daí lá fui eu mudar minha página pronta, a manchete ganhou um número diferente, e mais uma hora e meia foi acrescentada à jornada do trabalho.
Não dá pra perder a calma, porque senão o processo de reconstrução da notícia fica mais demorado. Afinal, se o cara quer rotina, não é no jornalismo de hard news que ele vai se realizar.
O brabo é quando as coisas mudam não pelos acontecimentos, mas sim por fatores em que você não pode influenciar. Como a entrada de um anúncio em uma página, por exemplo. Repito: perder o controle ou se desesperar não adianta nada. Senão você carrega um monte de gente contigo pra lugar algum.
Enquanto estou escrevendo este post, ouço sirenes de bombeiros. O jeito é ligar pra eles e tentar dar um pouco de dinamicidade ao momento, já que todo esse papo tá meio sacal.

Segunda-feira


Segunda-feira, via de regra, é uma merda. O Garfield que o diga.

Mas não posso reclamar de hoje.

Refiz o contato com uma amiga de quem me afastei há muito, muito tempo. Isso não tem preço.

Estou me reaproximando de outra amiga. E eu achava que me afastar era melhor. Não, a distância nunca é alternativa entre amigos.

Falando em distância, uma amiga que está longe geograficamente, mas perto do coração, só teve notícias ótimas nos últimos dias, principalmente hoje. Isso depois de uma fase punk. Então, comemoro junto.

Pra ficar completo, só faltava largarem dinheiro na minha porta. Ou a Scarlett Johansson tocar a campainha. Quem sabe na próxima segunda...

Mania de fotógrafo

Olho uma cena e fico imaginando que tipo de foto ela daria. Se estou de máquina na mão, clico. Caminho para um lado, caminho para outro lado, e experimento. Por alguns instantes, não ouço nada, só enxergo. E tudo não passa de uma grande brincadeira do seu olhar.



Gostaria de brincar mais, não ficar limitado a uma câmera digital estilo "cybershot". Mas assim mesmo já me divirto. E já ganhei elogio até do Charles W. Guerra, que me ensinou pra caramba. Baita fotógrafo e boa gente. Vai aqui minha homenagem, com algunas fotos do final de semana em Imbé (exagerei: foram só 15 horas de praia no sábado. E 12 horas de estrada e assentos em ônibus. E 9 horas de trabalho no domingo). Aí em cima, a figura de quem estou falando, ao lado de outra grande pessoa, a Lídia. Ah, a foto também é minha.



Só não consigo fechar o foco numa imagem de mim mesmo. Afinal, onde está a linha do meu horizonte? Deve ser só um probleminha na lente, fácil de resolver. É só concentrar. Como disse Cartier-Bresson, "fotografar é colocar na mesma linha de mira a cabeça, o olho e o coração".





















quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Cerveja quente, jogo idem

46 minutos do segundo tempo. O juiz já havia sinalizado que o jogo iria até os 48. Segundos antes, o meia-atacante Jean Michel, do Inter-SM, tinha driblado uns quatro jogadores e conseguido um escanteio. Do lado direito de ataque, o meia chiquinho levantou a bola, que cruzou toda a área e encontrou o zagueiro Weber no segundo pau. Inter-SM 1 x o São José, de Porto Alegre. Liderança.
Hora de subir no alambrado e jogar em alguém a Bavária quente (R$ 2,50 a latinha!) que adormece no copo de plástico. Num dos cantos do Estádio Presidente Vargas, a charanga detona o som. Trumpete, trombone, tuba, clarim, bumbo e outros instrumentos desfilaram pérolas como Bandeira Branca, Mal-Acostumado, As Águas Vão Rolar, Trem das Onze... Com direito a partitura. Show de bola.
Estádio lotado, juiz com uma atuação à altura de muitos palavrões, fila na entrada, banheiro podre. Estava tudo lá. Chinelagem nível 5 estrelas.
Se Deus quiser, a gente "vamos" conseguir mais resultados positivos. Nós só fizemu aí o que o "professor" pediu. E a torcida tá de parabéns, é muito "hospitalar".

Naked nick

Olha só que idéia sensacional minha amiga Lo teve para o blog dela: fazer um apanhado dos nicks do MSN dela. Dá cada coisa... Confere aqui.
Eu já me vi mesmo comentando "ah, é, eu vi no MSN dele" ou, de tão curioso, perguntei pra pessoa o que ela queria dizer com certo nick. O curioso é que, às vezes, aquele pedacinho de frase quer dizer tanta coisa... denota tanta sinceridade...

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Ser chinelo


Tenho meu lado chinelão. Não no sentido pejorativo. Não costumo ser grosseiro, não faço falcatruas por aí, não assalto nem fico arrotando na hora do almoço.
O fato é que me adapto às diversas situações, por piores que sejam. E não tenho medo das "roubadas", afinal, trato todo mundo de igual para igual. Quem sou eu pra ter preconceito?
Tem a ver com minha criação. Desde pequeno (tá bom, não cresci muito), meus pais sempre me deixaram fazer o que quisesse, sem encher o saco. Quando abusei da confiança, fiquei de castigo. Como na vez em que, depois da formatura da 8ª série, tomei um porre de cerveja. Um porre é modo de dizer, porque, se lembro bem, acho que foram uns dois copos. Resumo da ópera: meu pai foi me encontrar em algum lugar do bairro, meio sem rumo. Aquele dia eu não apanhei por pouco.
Outra vez fui dar uma de esperto e cometi um pequeno delito. Invadi (pulei uma cerquinha de madeira) uma escola municipal perto de casa. Tentei furtar giz de uma sala de aula. A janela estava quebrada e, na hora de enfiar o braço, cortei embaixo do sovaco. Como se não bastasse, na saída, um cachorro me mordeu. Foi ali que aprendi que o crime não compensa.
Mas, voltando à chinelagem... Ainda na minha infância, morei um tempo na casa da vó, no bairro Partenon. Fica bem do lado da Vila Maria da Conceição, de onde tive vários parceiros. Nunca fui rico, mas também não servia pra miserável. Naquela época, eu já aprendi bem a conviver com as diferenças, a dividir o que sem tem, a saber a "língua" de cada lugar, de cada ambiente.
Hoje, em determinadas reportagens que vou fazer, uso isso a meu favor. Se precisar, falo "e pá e pum, dusmeu" sem soar falso. Ainda no quesito "sou chinelo": gosto de andar de ônibus ou a pé, vou a futebol na parte mais fuleira do estádio, adoro uma pauta "nas bocada", prefiro os bares mais vagabundos, não sambo mas aplaudo e gosto de mulher que bebe.
E não é que ser chinelo me fez até tomar um atraque da polícia esses dias? Foi em Florianópolis. Estava indo de bus para o Centro e tive de descer, botar a mão na parede, abrir as pernas e ser "examinado" por um policial militar. Eu não passava por uma revista fazia um tempo. Das outras vezes, também foi chinelagem: quando eu bebia cerveja e comia amendoim na Osvaldo Aranha, em Porto Alegre; e quando eu voltava do "som do domingo" do Glória Tênis Clube, no Partenon. Engraçado é que nunca tomei atraque quando morei no Menino Deus. Será que é porque é um bairro "classe média-alta"? Que dúvida...

Todo esse papo é pra dizer que amanhã é dia de chinelagem da boa. Interzinho e Zequinha, na Baixada, oito e meia da noite. Eu e o Maurício (dono do blog que tem um link aí do lado) vamu tomar cerveja Colênia, xingar o juiz, o bandeirinha e os jogadores, subir no alambrado e voltar pra casa chutando lata. Se sobrar tempo, vale dar uma acompanhada no jogo, ouvindo o meu radinho que só está funcionado por causa de um band-aid salvador.

P.S.: uma das chinelagens mais sensacionais que escutei foi a de uma pessoinha que pediu dinheiro emprestado pro dono de um bar para beber em outro bar, já que aquele tava fechando. A outra, eu vi: uma certa menina que chutou a bunda de um verdureiro em plena Avenida Rio Branco, em Santa Maria, com o dia amanhecendo. Sem falar no colega que mijou no All Star do parceiro, numa certa madrugada, em Minas do Camaquã. Esses são chinelos de fé. Sabem o prazer de uma chinelagem.
***
Em tempo: a foto aí de cima eu tirei em Jaguaruna (SC), na casa dos pais da Fernanda. O chinelo, no caso, é do Charles. E a estrela da foto é uma cadelinha véia, que tem obsessão por chinelos. Depois que ela rouba um, você só consegue pegá-lo de volta sem levar mordida usando um cabo de vassoura.

Ela é craque


Faz horas que não ouço notícias animadoras sobre meu time. Não faz muito, demitiram um técnico que não perdeu nenhuma partida. E ainda vão ter de indenizá-lo por isso.

Até agora, a melhor contratação do ano está na torcida, como vocês podem ver na foto acima do Ricardo Duarte, o Maionese, da Zero Hora. Tudo bem que a Deborah Secco é par daquele pereba do Roger, mas ninguém é perfeito.
Uma enquete: que diabos de gesto ela tá fazendo? A garota pensa que é o Romário?

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Sem rima, sem métrica, sem estilo

Alguém abriu a porta do coração
E levou a chave embora
Agora está tudo aberto

Todos entram e saem a qualquer hora
Esses dias, até teve festa
E entrou madrugada adentro

Ainda bem que há porteiros
Que barram alguns penetras
O ódio, por exemplo, ficou com raiva

O amor deu de ombros
Bêbado, o afeto fez cena
E a sinceridade disse tudo

No fim, a alegria estourou champanha
E a felicidade beijou o carinho
Para a decepção do altruísmo

Pior é que não adianta pedir pra saírem
Eles são espontâneos demais para isso
A sorte é que o esforço faz a faxina

Nenhum país para homens de idade


O título acima é uma tradução mais fidedigna para No Country for Old Men, novo filme do irmãos Joel e Ethan Coen (de Fargo), que está bem cotado para levar alguns Oscar. Mas os marqueteiros da distribuidora brasileira resolveram chamá-lo de Onde os Fracos Não Têm Vez, como se ele fosse um faroeste, quando, na verdade, é uma negação desse gênero.

O cenário até pode ser semelhante: grandes planícies, desertos, cidades na fronteira com o México. Mas paramos por aí. A história é centrada em três personagens que praticamente não se encontram. E que não se encaixam na sociedade americana do início dos anos 80.

O xerife Bell (Tommy Lee Jones, em piloto automático), por exemplo, é muito mais reflexão do que ação. Veterano no cargo e seguindo uma linhagem familiar de homens da lei, ele procura razões para a violência de seus dias atuais e usa a ironia para espelhar um momento do país:

- Eles não gostam de comida mexicana - responde o xerife, ao ser perguntado por seu assistente sobre o porquê de os coiotes não terem aparecido para devorar os cadáveres de traficantes mortos depois de uma troca de tiros, no meio do deserto.

O "mocinho" do filme, se é que podemos chamá-lo assim, é o soldador aposentado Llewelyn Moss (Josh Brolin, de grande atuação), que vive num trailer com a mulher e tem a caça como passatempo. Pois é numa dessas idas ao deserto, de espingarda na mão, que ele desencadeia a ação que move o filme. Sem tomar conhecimento do bando de traficantes mortos na planície, ele pega uma mala com 2 milhões de dólares. Fibra moral? Zero.

No encalço dele (a mala tem um aparelho de rastreamento), está Anton Chigurh (Javier Bardem, de cabelo-tigela-Channel, a melhor coisa do filme), que age como um psicopata, matando a granel. É ele o responsável pelo rastro de sangue mostrado na história e por algumas das cenas mais violentas que o cinema já viu.

Junte esses três outsiders e acabe com o sonho americano. Junte os irmãos Coen e você tem um filme mostrando que, na verdade, os fracos tomaram conta dos Estados Unidos. Fotografia de primeira (preste atenção nos planos, vale a pena), roteiro bem conduzido (é a primeira adaptação da carreira dos irmãos) e atuação antológica de Javier Bardem. Nem precisa levar algum dos 8 Oscar a que está indicado.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Carvalho que fica de pé


Fazia tempo que não via Beth Carvalho ao vivo. Até porque não ando vendo TV. Mas vamos ao que interessa: Beth Carvalho Canta o Samba da Bahia é sensacional. Eu achava que ela não rodava mais à baiana. E fez um DVD em que pega a nata do samba baiano, junta um punhado de convidados de peso (Gil, Nelson Rufino, Riachão, Bethania, Caetano, Margareth Menezes, Olodum, entre outros, e com direito a uma aparição de Dorival Caymmi no telão) e põe muita emoção. Você pode até dizer que, com o repertório que ela escolheu, fica fácil agradar. Mas, para quem não é bamba, também não era difícil perder o rumo.
Dá licença, porque é a Beth Carvalho. Acabei de me dar conta que ouço essa mulher desde criança. E ela continua cantando pra mim.

"A tristeza é senhora,
Desde que o samba é samba é assim
A lágrima clara sobre a pele escura,
a noite e a chuva que cai lá fora
Solidão apavora,
tudo demorando em ser tão ruim
Mas alguma coisa acontece,
no quando agora em mim

Cantando eu mando a tristeza embora

O samba ainda vai nascer,
O samba ainda não chegou

O samba não vai morrer,
veja o dia ainda não raiou

O samba é o pai do prazer,
o samba é o filho da dor

O grande poder transformador"
(Desde que o Samba é Samba, do Caetano. Ele e Beth cantam essa juntos no DVD)
***
Aproveito o post pra dar uma dica. Quer comprar DVD barato em Porto Alegre? Dá uma olhada nos Classificados de domingo de Zero Hora, na última página do caderno Produtos e Serviços. Ali tem uns anúncios de umas revendas que fazem promoções e abrem todos os dias da semana. Neste final de semana, tinha uma vendendo tudo a R$ 7! Nem sempre você acha tudo o que procura, mas sempre dá para encontrar algo que não estava procurando. O segredo é que muitos filmes são semi-novos, vendidos por locadoras para essas revendas. Dá uma olhada no disquinho (pode ate pedir pra testá-lo), pra ver se não tem arranhões, e vai com fé. Não me decepcionei até agora. Nesse fim de semana, por exemplo, comprei um Assim Caminha a Humanidade (2 DVDs) por R$ 10.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Fuso horário



Até o final do mês, pelo menos quatro dias por semana, estou indo trabalhar de manhã. Não sou de acordar tarde (salvo aqueles dias pós-pé-na-jaca), mas uma coisa é acordar espontanemente, outra é ser obrigado.
A melhor coisa de começar cedo é depois poder sair com o sol no rosto. Por isso, decretei: não passo das 6 da tarde no trampo. Isso que já é uma jornada longa, pois começo lá pelas 9h, parando no almoço e nas sessões de nicotina.
"Descobri, sem querer, a vida". E agora quero aproveitá-la. E quero ter tempo pra contar isso tudo.
***
Na foto acima, o amanhecer de sexta, visto da janela da sala. Mais tarde, vieram o calor, a chuva e um furacão baiano.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Mira que loco!




O sábado foi de emoções fortes e experiências novas. Conheci Rivera, na fronteira do Uruguai com a Argentina. Tinha como parâmetro Ciudad del Este, no Paraguai, mas a cidade vizinha a Santana do Livramento é bem diferente enquanto centro de compras. É bem mais limpa, mais organizada e os produtos, aparentemente, são bem melhores.
Primeiro, é bom ir com tempo. Porque, como em toda compra que se vai fazer, a pesquisa é fundamental. Ao visitar as várias lojas espalhadas por meia dúzia de quadras, comece perguntando a cotação do dólar em relação ao real. Isso faz diferença. Dá uma variação que pode ir a R$ 1,73 a mais de R$ 1,80. Ah, e leve calculadora, papel e caneta. Anote tudo o que puder numa visita prévia e só compre depois de andar muito e pesar prós e contras.
Em Rivera, há uma certa bagunça organizada. Numa primeira visão, o cara fica meio perdido para saber que loja venda o quê. Isso nunca é muito claro. Há os free shops que têm de tudo um pouco, mas também há locais que só vendem calçados ou produtos alimentícios, por exemplo.
Nas ruas, assim como no Brasil, há camelôs e ambulantes. A tônica dominante é a venda de garrafas térmicas, mas também são vistas crianças vendendo meias e DVDs piratas.
A parte de alimentação é um caso à parte. Come-se muito bem, especialmente no quesito das carnes. E bebe-se bem, porque a maioria das cervejas uruguaias é sensacional.
Mas nem tudo que reluz é ouro. Deve-se ter cuidado com as marcas-diabo. E roupas e óculos escuros, por exemplo, não estão muito em conta. Em compensação, eletroeletrônicos, coisas para casa & cozinha, produtos de higiene pessoal e alimentos em geral são muito baratos.
Se você tem compulsão por compras, é melhor não ir. Ou se prepare para gastar, porque a tentação é grande. E não se preocupe com a língua. Tudo se resolve num portunhol básico, e também há brasileiros de sobra trabalhando lá.
Só não descobri se estão vendendo até a mãe, porque não encontrei nenhuma nas vitrines. Talvez seja porque faltou tempo.
"Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado el sonido y el abecedario
Con él las palabras que pienso y declaro
Madre, amigo, hermano y luz alumbrando
La ruta del alma del que estoy amando
Gracias a la vida,que me ha dado tanto
Me ha dado la marcha de mis pies cansados
Con ellos anduve ciudades y charcos
Playas y desiertos, montañas y llanos
Y la casa tuya, tu calle y tu patio
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me dió el corazón que agita su marco
Cuando miro el fruto del cerebro humano
Cuando miro el bueno tan lejos del malo
Cuando miro el fondo de tus ojos claros
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado la risa y me ha dado el llanto
Así yo distingo dicha de quebranto
Los dos materiales que forman mi canto
Y el canto de ustedes que es el mismo canto
Y el canto de todos que es mi propio canto
Gracias a la vida
(trecho de Gracias a la Vida, de Violeta Parra)

A de amor, B de baixinho...


Sou todo sentimento, mesmo. Amo várias coisas, várias pessoas. E não me afasto mais de quem eu gosto. Houve uma época em que, quando estava triste, ia para um cantinho e ficava só. Hoje, não. Procuro ir atrás dos meus amigos.
Por conta de um monte de coisas que aconteceram no último ano, mudei bastante. Hoje em dia, as emoções afloram. Se ouço uma história triste ou vejo uma imagem comovente, choro. Se sou bem recebido na volta de uma viagem, fico com os olhos marejados. Se meus amigos estão se divertindo por conta de alguma coisinha que eu fiz, vem mais emoção. Como no sábado. Ver a galera na chalaça total por conta de algumas músicas que gravei não tem preço. Confesso: cheguei a chorar de alegria. Pô, valeu a pena ter dormido apenas duas horas só pra gravar uns CDs. Foram algumas horas só pensando nos outros. A recompensa veio.
Amor, amor e mais amor. É o que me move atualmente. Amor pelo que eu faço, pelo que eu escrevo, por quem partiu, por quem está ao meu redor, por quem já não está tão próximo assim. E por festas como a de sábado. Pela foto aí de cima dá pra ter uma idéia da diversão. O aniversário era triplo: da Carol, da Bruna e do Charles. E a emoção seguiu essa proporção. Obrigado, gente. Quero mais dessa endorfina.

Baixando o nível

O cara chega no barbeiro e pergunta:
- Quanto custa pra lavar a cabeça?
O profissional da tesoura responde. Vem a segunda pergunta:
- Tá, e o resto do tico?

(Desculpem baixar o nível desse jeito, mas não resisti. Depois de um final de semana muito bacana, estou leve como há muito não conseguia ficar. Então, resolvi compartilhar essa piada idiota contada pelo Homero no caminho para Rivera, no Uruguai. Confesso: dei muita risada dela)

"Chorei, não procurei esconder
Todos viram, fingiram
Pena de mim, não precisava
Ali onde eu chorei
Qualquer um chorava
Dar a volta por cima que eu dei
Quero ver quem dava
Um homem de moral não fica no chão
Nem quer que mulher
Venha lhe dar a mão
Reconhece a queda e não desanima
Levanta, sacode a poeira
E dá a volta por cima"
(Volta por Cima. Não sei quem compôs, mas já ouvi versões cantadas por Noite Ilustrada, Beth Carvalho e Maria Bethania)

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Nervos e cordas de aço

Depois de alguns anos (uns cinco, mais ou menos), estou tentando voltar a tocar violão. Pô, cheguei a mandar consertar uma viola que ganhei de presente da amiga Ju Bublitz. Mas não tá fácil. Não pretendo me apresentar nos bares da vida, mas meu ouvido merece coisa melhor.
Começo apanhando na afinação do instrumento. A voz não é a mesma. As mãos também não. Mas não sou de desistir facilmente. Os vizinhos que agüentem. Hmmm, acho que tem algumas cervejas na geladeira. Talvez ajude...

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

A volta, a ponte, a saudade


Voltar para o trabalho logo depois das férias não é fácil. Ainda mais depois de uma viagem de bus que durou 11 horas e sem tirar uma soneca ao chegar em casa. Mas os colegas facilitaram a minha vida. A acolhida foi com entusiasmo, beijos e abraços. Eu amo esse pessoal.
Estou sempre dividido. Sinto saudade pra qualquer lado que eu mirar. Mas também sinto falta desses loucos todos de Santa Maria quando estou longe deles.
São sentimentos que não findam, dores que não cessam, alegrias que não têm fim. E aí? Pra que lado eu corro? Como diz a música do Zeca, deixa a vida me levar.

Entre o choro, a felicidade e a reflexão, fico com essa foto aí de cima. Fazer uma imagem legal dessa ponte era uma obsessão desde que eu cheguei em Floripa. E, no penúltimo dia, fiquei esperando o pôr-do-sol só para poder contemplá-la.
Espero ver muito disso aí pela frente.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Minha homenagem


Alexandra Zanela, grande anfitriã, grande amiga. Estamos distantes geograficamente, mas parece que nos aproximamamos ainda mais como amigos. A menina que conheci numa delegacia de polícia (trabalhando, e não atrás das grades) é uma pessoa muito importante para mim. Sempre ali, sempre dando força. Tenho o maior orgulho de ter conseguido fazer com que ela fosse trabalhar comigo. Isso que, naquela época, a gente nem era tão chegado. Pelo que pude ver agora no Diário.com, em Floripa, acertei em cheio. Baita jornalista.
É uma merda ter de ir embora, Ale. Mas agora já sei chegar no teu apê. Então, me aguarde.

Lembranças de Floripa



Faltando menos de 24 horas pra pegar o ônibus na rodoviária, já bate uma saudade. A capital catarinense é, mesmo, tudo de bom. Aproveitei como nunca, apesar dos vários dias de chuva. E aprendi mais um pouco sobre Floripa. A primeira coisa é que não dá para viver sem carro aqui. Quer dizer, até dá. Mas a vida fica bem mais competitiva. Ainda mais se você é um cara chegado em praia. Afinal, do Centro, cada praia fica distante de 25 km pra cima. Já passei um verão inteiro sem transporte próprio e me virei bem de bus. Mas que com uma caranga fica mais fácil, ah, isso não tem dúvida.
Outra coisa que o vivente tem de ter para viver em Floripa é paciência. Especialmente no verão. Seja numa ida para o Sul ou numa chegada no Norte, uma coisa é certa: você vai pegar um congestionamento. Eu, como turista, não senti tanto. Até porque depois tudo compensa, como mostram algumas das fotos abaixo (tem uma de congestionamento também, claro).
Estou quase indo pra casa, mas eu volto.











segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Isso é Carnaval

Que me desculpem aqueles que gostam de baile de Carnaval, mas para mim o melhor da festa de Momo é o desfile das escolas de samba. Fui premiado com uma amostra de respeito, no sábado, em Florianópolis. Quatro escolas desfilaram. Todas com defeitos e méritos, mas com muito samba no peito e no pé. Quem nunca teve a oportunidade de conferir um desfile de perto não sabe o que está perdendo. Como continuo gostando muito de brincar de fotógrafo e fui favorecido porque estava credenciado para a cobertura do evento, não pude deixar passar. Mais abaixo, dá para conferir algumas imagens sensacionais. Com um espetáculo desses, fica fácil dar o clique. Até eu consigo.

***

Peguei um táxi do bairro Abraão para a passarela do samba em Floripa, que, por sinal, tem um nome ótimo (Nego Quirido). Saí lá pelas 9 e meia da noite da casa da Alexandra, que já tinha ido para a cobertura. A viagem foi bem tranqüila, pelo menos até o ponte Governador Pedro Ivo, que estava com um congestionamento de leve.
- Isso aí (o desfile de Carnaval) é coisa do Diabo. Só tem veado, maconheiro e ladrão nisso. Esse temporal que deu esses dias em Santa Catarina é um alerta de Deus. Com tanta blasfêmia junta, essa passarela vai afundar - disse o taxista evangélico.
E assim foram mais 15 minutos de versículos bíblicos, sermões e história de vida. Cheguei a pensar por alguns segundos se eu iria para o inferno, por gostar daquilo tudo.

***

Alguns "colegas" da imprensa de Florianópolis se destacaram na passarela do samba. Não pela cobertura, mas pela quantidade de cerveja consumida. Teve um fotógrafo de um jornal diário que revezava o tempo todo as mãos: hora numa lata de cerveja, hora na máquina de trabalho.
Houve outro que trabalha numa emissora de tevê e estava de folga. Do trabalho, não da cerveja. Apesar de estar no espaço reservado para a imprensa, não se fez de rogado e levou duas sacolas térmicas (com o logotipo da empresa que o emprega) forradas de cerveja. E ainda tentou sambar com tudo o que é mulher. Realmente, é um profissional. Da folia.

***

O pessoal da capital catarinense parece não ser muito chegado a organização. Faltou mais orientação, por exemplo, para o pessoal que comprou mesa na passarela do samba. Lá pelas tantas, uma senhora invadiu a sala de imprensa aos gritos:
- Que bagunça isso aqui! Onde é essa merda da mesa 19?
Uma mulher de porte avantajado, ligada à prefeitura de Floripa, foi atendê-la. Chamava por rádio o responsável pelo setor, mas não vinha resposta. O atendimento foi de uma certa ironia. Era possível até ver um sorriso no canto da boca. A senhora aflita pela mesa não perdoou:
- Você é uma palhaça!
Seguiu-se uma discussão aos gritos. E a guarda municipal foi chamada para acalmar os ânimos. Nessas horas, nada melhor do que uma pessoa equilibrada para ajudar. Como o rapaz, também funcionário da prefeitura, que usava uma camiseta escrita "apoio" nas costas. Pois bem, o "apoio" veio de forma sutil:
- A senhora é uma vagabunda!
No fim, a senhora, que também havia esquecido a educação em casa, foi encaminhada para sua mesa. E os amigos da prefeitura puderam continuar o que estavam fazendo, ou seja, nada.