sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Olhos abertos para o mundo

Uma sábia me disse hoje que não adiantar esquentar a cabeça com os problemas. E os meus estão nesse contexto. Na verdade, tudo o que se passa é uma lição. Basta a gente conhecer a si mesmo para que tudo ande bem. O difícil é chegar lá. Mas acho que estou num bom caminho.

Que todos sejam felizes e se conheçam, porque hoje eu abri os olhos para o mundo. Abri as janelas e deixei a luz entrar. Prometo a vocês que a melancolia em palavras acabou neste blog.

Point novo

Conheci, na noite passada, um dos novos points da noite em Santa Maria, o St. Patrick's, ali na Valandro. É um pub. O ambiente é bom, a cerveja gelada, o atendimento não deixou a desejar. Mas o cara marcha com R$ 6 só de passar pela porta da bar (elas têm de pagar R$ 4).
É um ambiente à meia-luz, pequeno, mas dá para se acomodar bem. As mesas e cadeiras de madeira estão distribuídas por todo o lado, e ainda tem um barzinho. No canto, há um palco. Só que a banda de ontem à noite (não sei o nome nem quero saber) era muito ruim e não combinava com o pub. Um magrão fazendo falsetes com a voz só cantava hits agitadinhos. Como todo mundo fica sentado, até por causa do espaço, acho que deveria rolar algo mais blues, mais rock n'roll, sei lá.
Outra coisa é que o lugar não aceita nenhum cartão. Isso que nada é muito barato lá. Uma Polar, por exemplo, sai por R$ 4. E tem até algumas cisas de magnata, como uma long neck de Traquair House Ale (ceva holandesa) pela bagatela de R$ 40. Quanto à comida, não provei nada. Mas, pelo cardápio, tem o usual, e parece estar no preço. Rolam camarões e filés também. A curiosidade é que, no próprio cardápio, tem o valor calórico de cada refeição. Deve ser para o pessoal não sair pesado. Ou com a consciência pesada.
No fim das contas, o St.Patrick passou no teste, mas pegou recuperação. Uma grande vantagem é que eles vão te acomodando do jeito que dá. Lá não tem uma Mila pra encher o teu saco. Mesmo assim, ainda fico com o Ponto.

Cansei

Hoje faz exatamente um mês que entrei em um estado de melancolia. Nem eu me agüento. O blog é um espelho desse sentimento. Primeiro, vem o branco absoluto. Não sai nada. Depois, vem uma volta tímida para as palavras. Daqui a pouco, das profundezas de um mar sem fim, vem uma inspiração que até rende boas coisas. Mas essa amargura cansa um pouco. Minha vontade, mesmo, é de não pensar em nada. Só que ainda não consigo.Por tudo isso, fui atrás de algumas coisas que podem me resgatar. E tudo caminha para outros caminhos. Se eu trocar esse blog por outro, com latitude e longitude diferentes, aviso antes, pode ficar tranqüilo. O certo é que o show tem que continuar.


Descansa coração
(Ned Washington, Vitor Young, Nelson Motta)

Cansei de tanto procurar
Cansei de não achar
Cansei de tanto encontrar
Cansei de me perder

Hoje eu quero somente esquecer
Quero corpos sem qualquer querer
Tenho os olhos tão cansados de te ver
Na memória, um sonho e em vão

Não sei prá onde vou
Não sei, se vou ou vou ficar
Pensei, não quero mais pensar
Cansei de esperar

Agora nem sei mais o que querer
E a noite não tarda a nascer
Descansa, coração,
e bate em paz.

(Se você não conhece essa música, recomendo ouvir. Pode escolher a versão com a Nara Leão ou a mais recente com a Fernanda Takai)

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Ao fim do dia

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
Meu tempo é quando.

(Vinícius de Moraes, o cara)

A retrospectiva, agora, sim

Como eu já havia anunciado, aqui vai a minha retrospectiva pessoal do ano que está findando. Foi um bom ano, como já havia dito. E aqui vão alguns motivos para isso.

Primeiro, descobri a paciência e a serenidade em 2007. Há três anos, entrei numa função no jornalismo que não faz parte da lista das mais prazerosas. E um pouco longe do meu ideal, que é ser sempre repórter. E só. Quero somente contar histórias. Mesmo com esse peso todo de um cargo de gestão, a maré mudou. Graças às pessoas que me cercam. Elas me fizeram sentir bem, me deram um retorno bem positivo. Notei que era importante pra elas, isso me acalmou e deu tranqüilidade e satisfação. Passei a me sacrificar por elas, sem sentir, sem fazer disso um fardo. O combustível, por mais piegas que isso possa parecer, é o sorriso no rosto de quem está perto de mim.

Segundo, mudei de casa. De um quarto fui para um apê inteiro. Espaçoso, bem localizado e a preço de banana. Tive muita sorte e um bom amigo. Não que eu tivesse grandes problemas com meu antigo quartinho, mas poder estar num lar com vários ambientes é outra coisa. Dá até para receber os amigos com certo conforto. E ainda tenho direito a uma rede de deitar e a uma bela paisagem na janela.

Terceiro, a tecnologia. Essa também ajudou a fazer de 2007 um ano bom. Voltei a entrar no mundo da música graças a um aparelhinho de mp3 que não largo. Isso combinado com a internet banda larga. Pude, assim, achar canções que estavam perdidas no imaginário. Também pude continuar a brincando de fazer fotos e colocá-las à disposição de quem estivesse a fim de vê-las. Foi possível gravar trilhas sonoras para as festinhas da galera. E ainda criei este blog. Está ótimo. Ainda pretendo usar tudo isso para minha independência, aguardem.

Quarto, a saúde. Bah, faz tempo não me sentia tão bem. Só faltava largar o cigarro, mas vamos deixar esse papo pra outra hora. De resto, perdi peso e ganhei fôlego e auto-estima. Nunca fui vaidoso, mas os olhos da humanidade são pautados por isso. Por isso, é bom se adaptar. A tendência agora é só melhorar, começando pelo joelho que não me deixa jogar bola. Que me aguardem os gramados!

Quinto, os amigos. Os velhos e os novos. Houve algumas pessoas em especial que fizeram diferença. Aliás, até perdi um grande amigo - um dos poucos motivo pra lamentar o ano. A ironia do destino é que, no momento em que eu soube da morte dele, já tinha um ombro amigo para chorar. Ah, os amigos. Sabe, sou meio desconfiado, não tenho uma quantidade enorme de amigos. Mas aqueles a quem chamo de amigos, esses eu valorizo. Confesso que, antes deste ano, havia pessoas que eu não valorizava, mas que foram fundamentais em momentos angustiantes. Muitas vezes, sem nem saber o que se passava. Outras sabiam, e usaram isso a meu favor, para me proteger e me acolher. Hora também de lembrar dos amigos que eu havia abandonado e revi depois de muito tempo. Como eu fui burro. No final, todos estavam no mesmo lugar, esperando por mim. Eu era infeliz e não sabia.
Aos amigos da cerveja, das jantinhas, do trabalho, de perto, de longe, de uma só palavra ou de conversas intermináveis, muito obrigado por tudo.

Por último, uma pessoa em especial. Pode uma só pessoa fazer tanta diferença? Pois eu afirmo que sim. Essa elevou minha felicidade à milésima potência. Fez eu partir de algo sem valor para uma coisa impossível de medir. Fez eu acreditar em mim. Deu motivos para eu me importar, me preocupar, dar atenção. Fez eu ter prazer. Fez eu acordar e agradecer por mais um dia. E até me tornou mais humano, fazendo surgirem sentimentos que vão da euforia extrema à tristeza profunda. Fez eu sorrir, fez eu chorar. Veio me desarmar e depois me rendeu. Fez com que eu ouvisse e dissesse palavras carinhosas. Tornou possível o fato de lembrar de cada instante que passou e valorizar esses momentos como se fossem únicos, por menores que fossem. Ajudou-me a compartilhar segredos, planos e sonhos. Fez com que eu tivesse vontade de fazer tudo por ela. Fez eu ficar feliz ao receber um telefonema às cinco e meia da manhã. Fez eu ter saudade. Fez eu dividir e perceber que, para isso, não é preciso haver cobranças. Fez eu perceber o valor de uma grande amizade. Fez com que eu não precisasse esconder nada. E fez eu não ter vergonha de dizer nada. Nem de escrever tudo isso. Nunca me iludiu nem faltou com a sinceridade. Fez com que eu superasse as situações mais adversas (esta página ainda está em construção). Fez eu chegar a um final não muito alegre sem ter um milímetro de arrependimento ou ódio. Deixou-me só com boas lembranças (alías, infeliz de quem não tem algo assim para lembrar). Como essa pessoa também serviu de inspiração para este blog, ele deve muito a ela. Eu também.

Passando a régua, o balanço é positivo. E com motivos para crer que 2008 não vai deixar por menos. Planos para isso não faltam. Ah, e não adianta ficar olhando para trás. Nada do que foi será. Veja o céu agora. Amanhã, repare nele novamente. Daqui a 10, 15 ou 20 anos, você vai olhar de novo e sempre vai enxergar algo diferente. Esse é o espírito.

O mais importante: não me arrependo de nada que fiz em 2007. Se algumas coisas não deram certo, não foi porque não acreditei, não me esforcei ou não quisesse. Você sempre ganhará uma nova chance para melhorar. Palavra de quem fez muita cagada na vida e depois foi recompensado por não deixar de acreditar.

Feliz 2008.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Simplesmente o bem




Era gente para todo o lado em frente ao Centro Social Marista Tia Jussara, na Ilha Grande dos Marinheiros. Passava das 11 da manhã da véspera de Natal. Esse canto de terra que abriga 3 mil habitantes fica ainda dentro de Porto Alegre, passando a Ponte do Guaíba. Pois nesse dia os eternos marginalizados viraram protagonistas numa ação solidária que completa 10 anos em 2007: a distribuição de brinquedos a quase 2 mil crianças que, provavelmente, não iriam receber nada do Papai Noel.
O criador da iniciativa, Alexandre Bonatto, o Xande, récem havia descido de "uma camioneta de som" que chegou em carreata até a ilha. Ao lado dele, um Papai Noel da família: um de seus irmãos, Marcos. Ao fundo, músicas natalinas. O caminhão com brinquedos, roupas, refrigerantes e livros (para a criação de uma biblioteca) encosta de ré no portão do Centro Marista para ser descarregado. Abrem-se o portão e a parte de trás do baú. Um batalhão de voluntários surge para carregar todos esses elementos de uma grande festa.
Há 10 anos, Alexandre resolveu criar uma campanha na sua videolocadora, a Vídeo Tchê, no bairro Menino Deus. Ele trocava brinquedos por locações. Em quase clima de aventura, ele juntou centenas de doações e fez a alegria de pouco mais de 300 crianças. Hoje são mais de 2 mil. E tem mais. Do improviso do primeiro ano, não restou nada. Hoje, há voluntários, comunidade no Orkut, cadastro de crianças, entrega de senhas, sorteio de prêmios especiais para os que têm as melhores notas no boletim, som para dar o clima, brigadianos para dar segurança e muito mais. E, ainda por cima, esse dia solidário já agregou também moradores das ilhas do Pavão e das Flores.
Foi um dia inesquecível. Apesar do sol de rachar e da fila interminável de mães e filhos esperando pelos brinquedos, foi lindo de se ver. Muita criança saiu fazendo festa. E todos aqules que ajudaram saíram recompensados por tentar amenizar um pouco as injustiças do mundo.
Nosso herói, o Xande, tinha como obsessão não deixar sobrar nenhum brinquedo. E não descansou enquanto isso não aconteceu. Com os amigos, ainda foi à Ilha da Pintada e à Vila dos Comerciários. Na finaleira, até alguns itens avulsos que estavam no carro foram para as mãos dos desafortunados que pedem nas sinaleiras.
Para quem conhece o cara, sabe que ele não espera ganhar nada em troca de um trabalho intenso de dois meses que é pensado o ano inteiro. Ou melhor, ele até espera algo, sim: a satisfação de gente que, muitas vezes, não tem nada para comer ou para vestir. Gente que vê o Natal como mais um motivo para ser humilhada na vida, pois no seu lar modesto o Papai Noel não dá as caras. Gente sem esgoto e com água, água da cheia do Guaíba, companheira pelo menos um vez por ano. Pelo menos em um dia do ano, todas essas pessoas sofridas são consideradas os seres mais importantes do mundo.
E se cada um de nós fizesse algo assim?


********

Deixo aqui algumas das fotos que tirei desse dia inesquecível. Para quem havia ido no primeiro ano e se emocionado, imagina agora. Nunca mais vou esquecer dos sorrisos que vi nos rostos de crianças que vêem, na ação do amigo Xande, um dos momentos mais felizes do ano.








sábado, 22 de dezembro de 2007

Pré-retrospectiva

O ano só acaba na semana que vem, mas já dá para fazer um balanço. Pretendo ainda fazer uma retrospectiva mais detalhada, mas já dá para falar que 2007 foi bacana comigo. Tive sensações que pensei estarem perdidas, descobri pessoas maravilhosas e aprendi muita coisa. Até a fazer blog.

"Deixa o coração
Ter a mania de insistir em ser feliz
Se o amor é o corte e a cicatriz
Pra que tanto medo
Se esse é o nosso jeito de culpar o desejo"
(Quem Foi, de Marisa Monte e Marcelo Yuka)

Natalino

Quando se mora longe de pessoas importantes na vida, o Natal ganha mais sentido. Especialmente se você vai pra casa. Aliás, o conceito de "casa" pode ter vários sentidos, mas não vou entrar na questão filosófica. Essa eu vou deixar pra uma quinta-feira que caia num dia 15.
Onde eu parei? Ah, ir pra "casa". Enfim, vai dizer que não é legal uma reunião de família? Tem a vó caduca, o tio piadista, o tio borracho, a criançada correndo, o cachorro atrás dos ossos do churrasco... Que beleza. A felicidade custa pouco mesmo, e ainda dá o escracho de brinde.
Feliz Natal pra todos, inclusive para quem não puder ver o tio borracho.

Arquivo

Mais um pouco do acervo de fotos "conceituais", com direito a homenagem para a amiga Ale. Força, parceria, e um baita Natal.







Vamos gracejar

Sou apaixonado pelo que faço. Gosto de escrever. Escolhi o jornalismo há muito, muuuito tempo. Acho que desde que eu tinha uns 12 anos. Naquela época, meu sonho era ser crítico de cinema. Fazia listas, escrevia minhas críticas... Coisa de criança. O tempo passou e a idéia continuou na cabeça. Veio o vestibular, passei, fiz um curso em que poucas coisas se salvaram. Não me incluo entre elas, aliás. Demorei 10 anos pra me formar. Sempre trabalhei, mané, desde os 14. E encostar a barriga no balcão, seja no bar do pai ou numa locadora, sempre rendeu mais que o tal jornalismo. Porém, se a barriga estava cheia, não havia alma.
A essa altura, o cinema estava bem longe. Aí surgiu o jornalismo diário, onde me encontrei. Fazer reportagem é assumir um papel, é contar história, é aprender a ouvir o outro.
Mas, contudo, entretanto, todavia, tem uns dias em que você preferia estar em qualquer lugar, menos numa redação de jornal. Experimente fazer o serviço do que abre e o que fecha em um feriado ou conferir um listão de vestibular. Dá para pensar em largar tudo. Ainda bem que tem o outro dia, e há sempre surpresas hibernando, esperando para pôr um desvio no caminho. Fora com a mesmice, a burocracia e a mediocridade. Deixem "os gracejos fazerem graça".

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Eu te considero

Você, amigo
Que me ligou de madrugada
Que me atendeu de madrugada
Que bateu aquele papo-cabeça comigo no MSN
Que me fez dar risada no Ponto
Que nutre ódio pela Mila
Que me emprestou o ombro para chorar
Que ficou conversando comigo no sofá
Que me apresentou aquela sonzêra dos anos 60/70
Que me franqueou o fio dental
Que foi fotografado por mim
Que vomitou na festinha
Que é companheiro pro almoço
Que é parceria no pito do trabalho
Que me fez gastar celular
Que fala mal do Bar da Alba
Que fez papelão ao meu lado
Que "nas tetinhas, não"
Que pediu música pro artista
Que curte o rock n'roll
Que tem samba no pé
Que viaja no mp3
Que me adicionou no Orkut
Que ficou longe
Que foi pra longe
Que veio pra perto
Que tem seus dias de "mala"
Que é parceria no "Saracu" (como é que se escreve isso?)
Que cozinhou pra galera
Que dividiu segredos
Que compartilhou receitas
Que me ouviu
Que está lendo isso aqui
Eu te considero

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Leitores, santas criaturas

A maioria dos leitores que liga para o jornal é educada e polida. Mas tem uns que se superam. Já fui xingado de tudo que é nome, especialmente por comerciantes que não gostam de ver o nome de seu estabelecimento no jornal depois de ser assaltado. Não me afeto.
O que me tira do sério, mesmo, são os absurdos. Hoje, um telefonou reclamando que o jornal não segue as normas da ABNT, especialmente em relação às margens. Vou fingir que não ouvi isso.

Aos amigos

Noite de muita risada. Estar entre amigos é bom. Depois de um dia de trabalho fudido, nada melhor do que tirar sarro de nada. Ou de tudo.

Por falar nisso, um serviço de utilidade pública: o Ponto vai fechar uns dias. 10 dias para ser mais exato. Só não me perguntem a data porque eu estava muito bêbado para ler o cartaz inteiro. Acho que pega Natal e Ano Novo, mas não tenho certeza.

Uma mesa encomendada demorou quase três meses pra chegar. Um celular chega dois dias do pedido. O que move as corporações? Não tenho nada melhor pra escrever?

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Mais cenas eternizadas

Recordações de cenas que não voltam mais. Por isso, elas estão aqui, eternizadas. Fotografar é fazer terapia, é fazer história. E eu também bebo










Plantão

3 e meia da manhã. Estava em alguma praia, sozinho, tomando uns caldos e fitando o horizonte. O celular do plantão toca. Quase me afogo. Do outro lado da linha, parece alguém que conheço.
– Tigre? – diz o repórter com patente militar.
– ...
– Tigre? Tigre?
– Fala, meu.
– Tava aqui passando de carro pela Andradas. Deu um tumulto, uma briga, e tem dois caídos no chão – fala o colega, meio agitado.
– Mal como?
– Tem um que não se mexe.
– Tiro, facada?
– Não sei, peraí.
– ...
– Tigre, acho que um morreu.

Pára tudo. Algumas horas antes, já tinha gastado a cota de corpos do fim de semana, ao ver um ex-detento que caiu morto no bairro São José. Facada cirúrgica no coração. Mais um?

– Então, tá, vou dar um chego aí com a máquina.
– Eu te pego.

Não deu nem 10 minutos. Na Andradas logo abaixo da Rio Branco, três viaturas da Brigada. Saio correndo do carro e meto foto. A ambulância dos bombeiros já havia passado o rodo. Ainda tentando abrir os olhos, fico sabendo que, entre mortos e feridos, salvaram-se todos.

– Parece que tentaram entrar à força na festa – diz um passante, referindo-se a um baile de 15 anos que rolava no salão de festas da Catedral, em frente ao local em que estávamos.

Com três fotos que prestaram na memória da máquina, entro no carro e volto para casa. Mais tarde, fico sabendo que, entre os atendidos, um tinha sido ferido...pelo trago. Estava em coma alcoólico. Ninguém merece uma madrugada de sábado para domingo desse jeito. No fim, seria só uma rixa entre dois grupos que se cruzaram bem na frente do baile. E um magrão que já tinha tomado todas na festinha ainda resolveu se meter. Um texto de 3,6 centímetros interrompeu minha viagem a um paraíso tropical. E um colega me deve uma.

Salve o samba, salve ela


Estava ouvindo Minha Missão. O começo é a capella, com direito a efeito na voz. Logo depois, entra a cozinha. E a música consagrada por Clara Nunes ganha força na voz de Mariana Aydar. Fica difícil não associar as duas no modo aberto de cantar samba.
Mas Mariana não pára por aí. No disco de estréia (2006), Kavita 1 (que é poeta em sânscrito, fui pesquisar), a moça ataca de Menino das Laranjas, já interpretada por Elis, e Zé do Caroço, de Leci Brandão. A balada Deixa o Verão, de Rodrigo Amarante (Los Hermanos) é tão suave que gruda. Onde Está Você é um delicioso xote-reggae, com sanfona e tudo. Chico César comparece com música e participação instrumental na faixa Prainha. João Donato faz o mesmo em Vento no Canavial. Para terminar, temos um partido alto de primeira em Maior É Deus.
Se o primeiro se chama Kavita 1, quer dizer que podemos ficar esperando pelo 2, pelo 3? Tomara. A música de Mariana tem repertório selecionado e uma sonoridade moderna, muito bem sustentada pelos ótimos arranjos. Salve o samba, salve ela. Vida longa às cantoras que enchem minha sala de alegria ou aliviam o pranto, como diz Minha Missão.

Andei ouvindo também a Fernandinha Takai, do Pato Fu, num disco em que ela faz uma bonita homenagem a Nara Leão, passando por várias épocas. A versão de Descansa Coração, por exemplo, ficou sensacional. Outro dia divido minha opinião com vocês. Agora vocês me dão licença que vou escutar alguma dessas mulheres sensacionais.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Desarmamento

Andar armado pode ser perigoso
No fim, você mesmo pode se machucar
Desarmar-se não é covardia
É ter confiança

Sombra

Eu queria parar de sofrer...
Mas será que eu soube o que era viver?
Eu olho para as paredes e ainda vejo uma sombra
Algum dia vou esquecer dessa luz?

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Imagens sem palavras

Também me expresso por meio de imagens. Em dias sem palavras, é melhor partir para o olhar. Aqui vão algumas das cenas que mais gostei de registrar


















quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Acabou chorare

Descobri este ano que ainda tenho a capacidade de me emocionar. Especialmente nos momentos difíceis. Pensei que não fazia mais isso, mas choro, sim. Homem não pode? Ah, sai pra lá. Pior é ficar segurando o que se sente.
Chorar pode ser ruim. Mas, ao mesmo tempo, depois que passa, você percebe que não perdeu o seu lado humano. Quanto mais assumimos nossas fragilidades, mais conseguimos nos enxergar de uma forma inteira e mais nos tornamos fortes.
Só não use o choro para tentar convercer alguém de algo ou para tentar fazer chantagem emocional. Lembre-se que esse é um momento bem seu.
Enfim, chore à vontade. E tome um copo d'água depois.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Desistir da vida, jamais

Se você nunca levou um tombo na vida, é fraco. Mas, se você caiu e se levantou, virou gente. Não desista.

A Cor da Esperança
(Cartola)

Amanhã,
A tristeza vai transformar-se em alegria,
E o sol vai brilhar no céu de um novo dia,
Vamos sair pelas ruas, pelas ruas da cidade,
Peito aberto,
Cara ao sol da felicidade.
E no canto de amor assim,
Sempre vão surgir em mim, novas fantasias,
Sinto vibrando no ar,
E sei que não é vã, a cor da esperança,
A esperança do amanhã.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Salvem os botecos

Aqui em Santa Maria, há alguns bares que parecem fazer questão de deixar o cliente se sentindo mal. O Zeppelin, por exemplo. Não houve um dia sequer em que entrei lá e não tive de mudar de lugar, mexer a cadeira... Sempre tem um chato do bar pra te incomodar. E o pior é que o ambiente do lugar é bem legal.
O Ponto de Cinema, por exemplo, não tem todo o charme do Zeppelin. Mas o que a Lurdinha faz por ti não tem comparação. Lá, sempre cabe mais um para gelar a goela e esquentar a alma.
Do outro lado, tem bares que não primam pela decoração, mas é justamente nesses que dá para se sentir em casa. O Garça, o Café Cristal e o extinto Bar do Chico (Dinastia) são representantes dignos de um segmento que não deve morrer jamais: os botecos. Aqueles cheios de garrafas de caninha expostas, com vidrões de conserva, com croquete ou coxinha no expositor. Quer um ambiente melhor do que esse? Se o cara for ligado, ganha de brinde uma batucada, uma bossa nova, um samba (samba, meu querido. sabe o que é isso?). E até uma discussão filosófica.
Por isso, não deixe o seu boteco morrer. Vá lá hoje, depois do trabalho, e tome uma cerveja. Aproveite que o dia está quente. Encare até a conserva. Porque de uma hora para outra ela pode deixar de existir. E, em vez de olhar aquela obra de arte sobre o balcão, vai ter de se conformar com uma farmácia, uma financeira ou um ponto de telemoto onde antes havia samba, filosofia, conservas e coxinhas.

domingo, 9 de dezembro de 2007

Gosto de conversar

Houve uma época em que andava tão chateado com o trabalho que não dava vontade de conversar com ninguém. Tão tolo eu fui.
Não sou mesmo de muitas palavras, gosto mesmo é de ouvir. E sou um privilegiado, porque tenho alguns bons amigos que contam histórias que o fazem refletir ou tiram o maxilar do lugar de tão engraçadas.
Eu também tenho algumas pra contar, mas não chegam aos pés. Curto contar umas historinhas de pauta, porque acontece cada coisa... Como há algumas semanas, quando, no velório de um assassinado, contei pro irmão da vítima quem era o principal suspeito. E ele não sabia! Ah, não! Tava até na ocorrência o nome. Mais cedo ou mais tarde, ele ia saber, né?
Mas, voltando... Hoje já acho que fazer jornalismo é saber um pouco da arte de conversar. Mas, primeiro, tem de saber ouvir. Deixe a pessoa falar, não se apresse. Há situações em que você chega pedindo desculpas. Na área policial, acontece muito em casos de morte.
Com os amigos, sou eu mesmo. Se estou alegre, sorrio, falo. Se estou chateado, fico quieto. Mas, como repórter, é preciso se adaptar às situações.
Toda essa viagem aí é para dizer que gosto de uma boa conversa. E, cuidado, sou propenso a ser sincero. Mas aceito reclamações.
Hoje, nessa volta ao blog depois de um tempo mudo de pensamentos, quero deixar um agradecimento a quem me ouve. E a quem tem paciência de ler, claro. A essa hora do domingo, é isso ou o Fantástico.

sábado, 24 de novembro de 2007

Lições de vida à la Lair Ribeiro

Algumas lições de vida aprendi não faz muito. Acredite, a recompensa por fazer algumas coisas simples vale a pena.
Primeiro, ouça as pessoas. Se elas o procuram para dizer algo, é porque querem a sua atenção. E esperam uma resposta, um comentário... Não se faça de louco.
Segundo, trate todos com respeito. Tipo assim: dê o tratamento que você gostaria de receber. Pra quer ser grosseiro? No fim das contas, não se chega a lugar nenhum assim. Você pode ser sério e cobrar sem causar um mal maior.
Terceiro, se você é capacitado para dar conselhos e opiniões, não se omita. Ou então vá para um retiro de monges. Lá certamente você não será requisitado.
Quarto, seja educado. Nenhuma situação – veja bem, eu disse NENHUMA – situação justifica perder a linha.
Simples, não? Parece, mas é difícil agir dessa forma 365 dias por ano. Nem tão pouco tempo atrás, eu desprezava alguns itens dessa cartilha.
Parafraseando uma mulher que me ligou esses dias: luz e paz para todos.

Final de semana

Estou há algum tempo ausente, né?
Para o final de semana, deixo aqui um poema do Carlos Drummond de Andrade do qual gosto muito. É bonito e serve de alerta para você que deixou aquela gata dançar sozinha no DCE...

Amor

Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração para de funcionar por alguns segundos, preste atenção. Pode ser a pessoa mais importante da sua vida.
Se os olhares se cruzarem e neste momento houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante e os olhos encherem d'água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
Se o primeiro e o último pensamento do dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente divino: o amor.
Se um dia tiver que pedir perdão um ao outro por algum motivo e em troca receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.
Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer momento de sua vida.
Se você conseguir em pensamento sentir o cheiro da pessoa como se ela estivesse ali do seu lado... se você achar a pessoa maravilhosamente linda, mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos emaranhados...
Se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que está marcado para a noite... se você não consegue imaginar, de maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...
Se você tiver a certeza que vai ver a pessoa envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção que vai continuar sendo louco por ela... se você preferir morrer antes de ver a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida. É uma dádiva.
Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro. Ou às vezes encontram e por não prestarem atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixá-lo acontecer verdadeiramente.
É o livre-arbítrio. Por isso preste atenção nos sinais, não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: o amor.

domingo, 11 de novembro de 2007

Romaria do blues





Na madrugada anterior à Romaria da Medianeira, fiéis ao blues se reuniram no Avenida Tênis Clube, aquio em Santa Maria, para celebrar a música. Valeu a pena. O 6º Cesma em Blues mostrou som de qualidade com qualidade de som, se é que vocês me entendem. A gurizada que tocou tem muita pegada. Gostei muito da Storm Blues Band, de Porto Alegre, que abriu os trabalhos. Mas a banda santa-mariense Blues Society e o Blues Power Trio, do Rio, também não ficaram devendo. Não vi todo o show do gringo Peter "Medcat" Ruth, mas ele começou bem. Ficam aí algumas fotos de uma noite de primeira, feitas por este que vos escreve. Quem não foi perdeu um baita programa. E quem resolveu ao show do Calcinha Preta, Deus que me perdoe.

sábado, 10 de novembro de 2007

Coisas que preocupam

- Um centro de consumo, estilo supermercado, virar um programa, um hábito, uma celebração. Sim, estou falando do Carrefour

- Uma cidade com mais de 250 mil habitantes conseguir ficar mais de 120 dias sem cinema

- Uma galera ter visto Tropa de Elite a partir de cópias piratas compradas em camelô

- Não conseguir ficar mais de uma semana sem ouvir uma notícia de corrupção

- Ver que as pessoas têm os motivos mais idiotas para inventar uma discussão umas com as outras

- Motoristas que não usam o pisca-pisca

- Saber que há pessoas que se ofendem demais ao ver um mendigo dormindo em frente a sua casa

- Ficar sem assunto pro blog e inventar essas frasezinhas

Profissão: repórter

Antes de tudo, peço desculpas aos que eventualmente lêem as postagens aqui. Fazia uma semana que eu não comparecia. Um pouco culpa minha, um pouco culpa do trabalho. Teve dia em que fiz 15 horas de jornada, tudo pelo bom jornalismo. Veja bem, fiz reportagem sobre um marido que matou a mulher, sobre o cerco da Polícia Federal à Fatec, no campus da UFSM (ah, se você não sabe, vá se informar. não vou contar a história) e sobre a tragédia de uma família que perdeu tudo em um incêndio. Como, na verdade, devo exercer as funções de editor, ser repórter por um dia tem seu preço: a jornada dupla de trabalho.
Chego no final de semana parecendo um chinelo velho, mas, ao mesmo tempo, feliz. Mesmo que eu tenha acompanhado só coisas mais pesadas, tive a oportunidade de fazer o que mais gosto: contar histórias. Ah, vai dizer que não é bom?
Penso em ser jornalista desde que eu tinha uns 11/12 anos. Naquela época, minha motivação era outra. Queria ser crítico de cinema. Tinha até um caderninho em que eu fazia minhas resenhas. O tempo passou, e teve um período em que eu até nem sabia o que eu queria fazer. Quase desisti da faculdade para ser microempresário.
Mas aí descobri o mundo do jornalismo diário. Tem emoção e adrenalina de sobra. Tem variedade. Claro, se você é repórter. Não coloco a mão no fogo por outras funções, inclusive pela que eu exerço atualmente.
O repórter é um cara que tá na rua, tá conversando com as pessoas, tá em contato com o mundo. Se o cara for esperto, pode até se governar no trabalho. Basta olhar ao seu redor. Aliás, basta abrir os olhos. Há um monte de histórias por aí que merecem ser contadas. Daqui a alguns anos, aquelas linhas que o repórter colocou no papel (no computador, né, mané?) serão fonte de pesquisa, serão história. Que responsa, hein?
Você talvez não pense como eu. Nem quero isso. Ser jornalista significa, muitas vezes, abrir de várias coisas. Cada um deve escolher seu caminho. Se você teve paciência de chegar ao fim deste texto, talvez eu tenha pego a estrada certa pra mim.

sábado, 3 de novembro de 2007

Nós que aqui estamos

Fui mais vezes a cemitério como repórter do que pessoa comum. Não é que eu não goste do lugar. É que eu acho desnecessária a ida. Tenho uma coisa só minha: levo comigo as lembranças de quem partiu. Onde quer que eu esteja. Eu, por exemplo, gostaria que as próximas de mim recordassem de alguma coisa que eu falei, de alguma música que eu cantei, uma piada, sei lá. Gostaria, inclusive, que minhas cinzas fossem jogadas lá pelas ruas do Menino Deus, em Porto Alegre, em meio às muitas árvores do bairro onde eu cresci.
Mas não tenho nada contra quem vai nem condeno. Imagina só. Muito respeito.
Peço licença, na madrugada seguinte ao Finados, para lembrar do meu avô materno: o seu Luiz Alberto Martins Fagundes. Ele morreu quando eu tinha uns 10/11 anos, mas a lembrança é muito forte até hoje. Bah, como a gente fazia coisa junto. Uma vez até me perdi dele lá na Expointer e fui parar na tenda da triagem, fazendo desenhinho do lado de um brigadiano. Chamaram o vô nos alto-falantes e tudo pra ele ir lá me buscar. Esqueci muita coisa da infância, mas dele, não.
Aproveito também para lembrar de um amigo que se foi agora há pouco: o taxista José Carlos, na juventude de seus 50 anos. Porra, o cara era perceiro, mesmo. Conheci a figura fazendo matéria na rua e o que era uma relação de prestador de serviços-cliente virou amizade. Além de todos os churrascos, os papos, as piadas, as histórias picantes para o jornal, o Zé era uma espécie de ponte com a vida real de Santa Maria. Claro que eu já conheço muita gente de Santa Maria (os que vieram de fora são um caso à parte). Mas nada como uma amizade sincera, né? Saudade do cara. Esse merece ser lembrado. E mereceu até a ida ao cemitério.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Bahia na tela



Vi e gostei. Ó Pai Ó, que está nas locadoras, é um filme bem regional. Bem baiano, pra ser mais exato. Ele retrata o cotidiano de moradores do Pelourinho, em Salvador, justamente na época de Carnaval. Parece que vai virar até minissérie na Globo.

O protagonista é o artista-pintor Roque (Lázaro Ramos, na foto divulgação aí de cima), que também é aspirante a cantor. Mas também tem uma dona de pensão beata, uma proprietária de bar bem masculina, um motorista de táxi dividido entre a mulher grávida, uma baiana que volta da Europa e um travesti. Tem até o Wagner Moura (com a popularidade mais em alta do que nunca, por causa de Tropa de Elite). Ele está meio caricato como trambiqueiro profissional, mas tem seus pontos altos, principalmente quando divide a cena com Lázaro. Esse último, aliás, canta e dança no filme, completamente à vontade.

Não espere uma obra-prima. Vale como diversão mesmo. E não deixa de ter uma forte crítica social, apesar de ser uma comédia. Não quero estragar a surpresa, mas só digo uma coisa: você não vai rir o tempo todo.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Profissão: torcedor

Esqueci de colocar no perfil: sou gremista. Até é curioso eu escrever isso logo depois de uma derrota tricolor. Vocês podem não acreditar, mas não vi nem ouvi o jogo desta noite. Meu negócio é ir ao estádio. Não curto ficar vendo jogo na TV. Por isso, agora que estou em Santa Maria, até virei frequentador da Baixada, casa do Interzinho.
Sou um típico torcedor: xingo o juiz, mando o banderinha enfiar seu instrumento de trabalho naquele lugar, compro cerveja na copa, peço garra aos jogadores, vaio os perebas e subo na grade quando sai o gol. Ao meu lado, sempre dá de tudo. Tem o bebum mala... Tem uma gurizada brincando e nem aí pro jogo... Tem aquele torcedor que gosta de comentar tudo...
Na partida contra o Pelotas, que determinou a subida do Inter-SM à primeira divisão, um parceria chegou a pedir pro gandula fazer pressão no goleiro adversário. E teve invasão de campo coisa e tal. Foi bonito de ver.
No Olímpico, vou desde os 9. E já fui ao Maracana, ao Beira-Rio, no estádio do São José de Porto Alegre, em Caxias, em Pelotas, em Fortaleza. Mais recentemente, coloquei o estádio do Ipiranga de Sarandi no currículo. Claro que me sinto em casa lá no Grêmio, mas qualquer estádio vale a pena. Muitas vezes, não é nem pelo jogo, mas por tudo que cerca o espetáculo. Na próxima vez em que você for ver um jogo em estádio, olhe a torcida. Tome uma cerveja quente. Coma amendoim. Tem todo um lance cultural. Apesar de toda a pecha de violência, assaltos etc, eu recomendo. É um baita programa.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Olhem a lua




Lua na janela, ouvindo Bob Dylan...

Só faltou ela

Aí a cena seria perfeita



terça-feira, 23 de outubro de 2007

Amizade


Estou numa fase de retrospectiva e perspectivas.
As lembranças são de amigos que não vejo há tempos. Por que nos afastamos? Foi só a questão geográfica? Não, a culpa é minha mesmo. Por questões psicológicas mal-explicadas, bloqueei, não quis procurar ninguém. E, depois de um tempo, aí fiquei com vergonha de ir atrás.
Pois agora perdi essa vergonha. Estou indo atrás. Já paguei alguma dívida de amizade durante as minhas últimas férias. E pretendo fechar até a conta antes do fim do ano. O mané aqui abriu os olhos e percebeu que os amigos de qualquer época só fazem bem. Por isso valorizo tanto os que estão comigo hoje. E peço perdão àqueles que devem estar com raiva de mim porque eu sumi.
Quanto às perspectivas, deixa pro outro dia. Estou sentimental demais hoje. Dia nublado, Vitor Ramil nas caixas de som e uma bela paisagem quando se abre a janela (olha a foto aí em cima) só podiam dar nisso.

domingo, 21 de outubro de 2007

Gente como a gente

Sábado à tarde, no Calçadão. Dois PMs estão parados na frente de uma vitrine. Um deles parece aflito e comenta com o outro: "Tu nem sabe. Eu gosto de rock, e a minha gata, de dance.” Ainda bem que não é crime.
O Plantão do Consultório Sentimental aconselha:
- Tente uma terceira via. Quem sabe numa linha gaudéria ou um sambinha de raiz. Mudanças em um relacionamento estável-estático-móvel podem ser a chama para que a fênix renasça das cinzas em meio a corações empedrados.

O domingo é psicológico

Depois de um domingo de trabalho, mais reflexões. Você sabe que eu nem sinto mais essa coisa de lamentar por trabalhar no dia de descanso dos outros... Faz tempo que eu faço isso, nem precisa mais vaselina. Já trabalhei domingo no boteco do meu pai, numa locadora de vídeo, numa assessoria de imprensa e em dois jornais diários. Ou seja, em todos os empregos que tive. Parece sina. Deve ser porque eu não gosto de ir à igreja...
A receita é fácil. APROVEITE BEM o domingo em que você NÃO TRABALHA. E também tem de gostar do que faz. Porque, se o cara não curte, aí é melhor fazer churrasco e convidar a patota do prédio, da rua, sei lá. Vai ficar sofrendo por quê?
Moral do dia: a tua mãe não te disse pra fazer o concurso do Banco do Brasil? Agora ajoelha e chora, peão.

Ah, como é bom ter teatro





Sou um dos que criticam Santa Maria a valer por causa da falta de cultura. É difícil pintar um show de fora, estamos sem cinema há mais de 100 dias e é difícil conseguir uma peça de teatro num horário em que possa assistir.
Ah, mas a coisa ta mudando. Continuamos sem cinema, mas estou podendo conhecer o teatro santa-mariense. No último mês, assisti 4 espetáculos: 1 na Casa de Cultura, 1 no Macondo e 2 no Theatro Treze de Maio. Mas, bá, me lavei.
Vou me dedicar a falar dos dois que vi neste sábado, dentro do festival Santa Cena, no Theatro. Ambos comédias, ambos com só um ator. Confesso que não esperava muito. Sei lá, conheci. É feio, isso, eu sei.
Tanto a primeira, A Tarturuga Chernobyl, de e com Felipe Dagort, quanto A Super Mãe Porra Louca, de e com Graciane Borges Pires, são um show de expressão corporal. O ator e a atriz dão um show de expressão corporal. E fazem rir, mesmo. O Felipe conta a história de um casal que vai ao zôo para ver uma tartaruga gigante e radioativa. O homem acaba engolido pelo bicho, e aí loucurar acontecem.
Mas essas pirações não chegam aos pés da Porra Louca. Graciane mata a pau na história de uma mãe tri louca que entra numa igreja, fugindo da polícia, e bate um longo papo com o padre no confessionário, relembrando sua vida. Cara, que show dessa mulher. A história se passa nos anos de chumbo e, claro, também faz uma sátira à repressão dos militares. Tem cenas antológicas, muito engraçadas, de rolar de rir no chão. A platéia veio abaixo, aplaudiu de pé.
Enfim, senti que há vida na cultura por aqui, sim. Não sei se eu tava dormindo antes e não reparava nessas coisas. Ah, antes que eu me esqueça, vão aqui três fotos da Mãe Porra Louca, tiradas por eu mesmo. De vez em quando, os cliques vão pintar por aqui também. Gosto dessa bricadeira. Não acerto muito, mas é divertido.

O começo

O cara que trabalha no jornalismo diário é meio frustrado, de vez em quando. Não pode escrever tudo o que passa na cabeça dele. Se o cara é colunista, até tem um escape. Mas nem se compara a um blog. Neste, por exemplo, mando eu. Posso mandar tudo à merda (não pretendo fazer isso ainda), divagar, criticar, viajar. Pois esse é o espírito do Entre uma Santa e um Porto. Por que esse nome? Bom, morei quase a vida toda em Porto Alegre. Há quatro anos, caí em Santa Maria. E estou sempre entre uma cidade e outra. Fácil, né?
Não estou fazendo isso para ganhar ibope, não espero me consagrar. Se você caiu aqui por acidente ou convite, seja bem-vindo. Se não gostar de algo, vá à merda (putz, disse que não ia fazer isso. escapou) e critique, deixe seu recado. Aquele abraço.