sexta-feira, 9 de maio de 2008

On/off

A nostalgia de hoje vem do rádio.
Tudo começou na cozinha da casa dos meus avós, pais da minha mãe, no bairro Partenon, em Porto Alegre. De um Telefunken ligado na tomada, minha avó ouvia a Farroupilha, e o vô, a Gaúcha. Aliás, o seu Luiz Alberto costumava dormir com um rádio portátil colado no ouvido. Sempre na área esportiva.

Peguei gosto pelo coisa. No Transglobe do meu irmão, numa era paleontológica pré-Internet, ficava fascinado ao ouvir línguas estranhas para um menino de 10 anos. E ficava horas na escuta de emissoras de outros estados.

Daí não vivi mais sem rádio. No estádio, por exemplo, não pode faltar o radinho. Por todo esse sentimento, jamais vou jogá-lo no juiz. E me acostumei com rádio AM. Por força do ofício de jornalista de notícias factuais, não vi nada parecido em termos de imediatismo. Nem um meio tão próximo da vida real. Bem mais que a TV. Por isso, não largo essas emissoras que são toscas, sim, mas que tem seu lado verdadeiro.

Claro, também tenho meu lado FM. Mas, hoje, com a possibilidade de carregar um caminhão de músicas em um pequeno tablete, já está bem enfraquecido. Foi-se o tempo, numa época estritamente analógica, que a Ipanema FM, de Porto Alegre, foi referência. À noite, Katia Suman tinha um programa com muito rock n'roll. Como o Led Zeppelin nunca faltava (a música de abertura do horário era, inclusive, Misty Mountain Hop), era impossível não escutar. A rádio também tinha a característica de rodar as músicas inteiras, sem cortes, sem remix e sem "barulhinhos" que identificavam a emissora. E a Katia ainfda ficava lendo matérias inteiras de uma distante Folha de S.Paulo (hoje ao alcance de um clique), trazendo novidades. Ainda por cima, ela tinha comentários ácidos e engraçados, falando um portoalegrês dos mais típicos.

No fim, viciou. E sempre houve uma espécie de sonho de trabalhar em rádio. Mas, no jornalismo, acabei enveredando para a escrita. Agora, às quartas e às sextas pela manhã, perto das 9 e meia, mato a sede da latinha com alguns segundos na Itapema FM de Santa Maria. É só uma chamadinha, falando o que vai sair no jornal no dia seguinte. É uma rapidinha, mas é boa.

Eu iria até comentar que o mundo seria mais perfeito se os aparelhinhos de MP3 tivessem também rádio AM embutido. Mas percebi que esse artigo existe. Não é Brastemp a marca, mas acho que satisfaz alguns desejos.

Não quero que as AMs desapareçam. Mas também lamento o uso político delas. Vejam quantos radialistas acabam eleitos. E quantos políticos são donos de rádios. Para esses todos, volume baixo ou, simplesmente, off (sim, porque nem o meu radinho portátil AM/FM, que é verde-amarelo, vem com o "desliga").

5 comentários:

Fani disse...

aqui em poa, a partir de terça, a Gaúcha passa a ser retransmitida também em FM...
não vai sair do AM, mas vai seguir com uma tendência que eu acredito que a CDN ajudou a fortalecer e a Band News consolidou aqui...
não acredito que o AM vai acabar, mas uma mudança inicial é ir pra FM e depois segmentar mais em internet, eu acho...

e pra finalizar e ficar registrado, eu estava lá quando tu estreiou na Itapema!!! Eeeee!!!
:)

Tigerman disse...

é verdade...
momento importante, fani
bj

TatiPy disse...

É, a Gaucha entra na FM porque venderam a Metrô!
A justificativa: a Metrô e a Cidade tinham o mesmo perfil de público.
O público SEMPRE foi parecido... Pelo menos, desde que a Cidade parou de perseguir o estilo da Atlântida, no fim dos anos 90.
Originalmente, a Metrô era uma rádio de samba - totalmente identificada com a parcela sambista e pagodeira do público porto-alegrense - quando foi comprada pela RBS. Só depois, se tornou um clone da Cidade (porque,na cabeça do administrador que não entende nada "do riscado", se o pagode e o axé sairam de moda, porque manter uma rádio só com samba? Quem vai ouvir? Os negros?)?
Acho uma pena. Canibalismo do capitalismo.
Tô revoltada!

Cor de Rosa e Carvão disse...

Bah, fiquei chocada as novidades lidas aqui nos comments. Tb fiquei revoltada Tati Py, al�m disso, tens raz�o, o cara n�o entende nada do riscado. Putz! � foda...

Tigre, querido, quem me dera eu ter um MP3 com AM. Se bem que, pelos prados de c� melhor n�o escutar nem um e nem outra banda. � tudo igual, sem sentido, sem servi�o, s� fofocas e bail�o.

Anônimo disse...

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MP3 com AM e FM é Luiz???

Se liga que isso non ecziste.

Mas a gente inventa pra ti, tá, chefinho?

Da próxima vez, presta mais atenção, bobão.

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