Fui premiado (sim, vamos hoje para a primeira pessoa. Mais umbigo, impossível).
Calma, esse prêmio é mais recente, não tem a ver com nenhum troféu ou alguma viagem...
Antes de contar, um parêntese. Quando eu ainda cursava a faculdade de jornalismo, comecei a trabalhar na Zero Hora. Um certo domingo à noite, já tinha terminado todas as minhas pequenas tarefas burocráticas, quando chega a notícia de que um avião forrado de passageiros derrapou na pista do Salgado Filho e foi parar na grama. Imediatamente, a Lúcia Pires foi mandada para lá, com fotógrafo.
Dali a pouco, vem a informação de que há feridos que começam a ser levados para hospitais. E, agora, o que se faz. Diego Araujo grita:
- O que tá fazendo, Tigre?
- Já terminei minhas coisas, por quê? (Me fazendo de louco)
- Tu pode dar uma volta nos hospitais pra falar com os feridos?
Que dúvida. Lá fui eu, com o fotógrafo Mauro Vieira. Prmeiro, passamos pelo Pronto-Socorro. Que decepção, lá não tinha ninguém. Fico um tempo em depressão, em frente ao hospital, pensando que havia perdido uma chance. Não demora, e o celular toca. Hospital Cristo Redentor é o destino agora.
Ao chegar no Cristo, é preciso uma negociação com o guardinha. Algum tempo quarando, e a entrada é liberada. Bingo! Várias pessoas que haviam tomado um baita susto lá. Um senhor me conta que achou que iria morrer. E que caiu no meio do barro, ao descer do avião por uma rampa de emergência. E nessa linha vieram outros relatos.
Volto para a redação. Em 15 minutos, minha parte estava escrita, para juntar com a da Lúcia. Meu nome não saiu, porque eu não era formado, mas eu sabia que meu texto estava lá. Putz, que alegria. Claro que a mãe e o pai também souberam. Cheguei a sublinhar no jornal os trechos que eram meus...
Corta para a redação do Diário de Santa Maria. Março de 2008. Início de noite. Eduardo Silva, jovem recém-formado, acaba de terminar um texto policial sobre a mulher que colocou fogo no marido. Daí eu lembro do detalhe: o magrão já tinha o canudo. Logo, poderia assinar o texto. Por isso, falo:
- Dá para assinar esse texto aí, né?
Nem preciso dizer que a cara dele denunciava a felicidade. Cheguei a me engasgar, tchê.
Em apenas alguns minutos, momentos únicos, que fizeram diferença na vida. Oito anos depois que alguém me deu uma chance, o destino quis que eu proporcionasse uma alegria semelhante para outra pessoa. Vamos para o clichê: isso não tem preço. Esse foi o melhor prêmio que ganhei na semana, sem dúvida.
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4 comentários:
Pois é cara, conseguiu descrever com precisão o tal momento. Aguardava, mas não esperava que isso acontecesse, mas foi, com certeza, um dos momentos mais felizes e inesquecíveis da minha ainda curta vida de jornalista. É complicado descrever em poucas palavras a felicidade. Porém, só tenho a te agradecer, não só pela tão esperada "assinatura" do texto, mas pelo trabalho e aprendizado do dia-a-dia. Valeu!
Ah, que legal! Me emocionei tb...
o Eduardo merece muito!!!
baita guri esforçado!!!
e o melhor é o teor da matéria que ele assinou!!!
fazer editoria de polícia é tãoooo legal!
Putz, isso é para arrancar lágrimas dos olhos...Que momento, por isso não me canso de dizer Tigre: tu é o cara....E o papelzinho aquele...não podia ter saído com mais merecido nome...
És um grande ser humano....Vontade de escrever, será que tem vaga na geral????? heheh
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