sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Nostalgia dos cinemas de rua em Porto Alegre



Recebo a notícia de que um supermercado Zaffari vai inaugurar onde funcionou durante anos o Cine Cacique, na Rua dos Andradas, no Centro de Porto Alegre. Longe de abominar o capitalismo ou algo do tipo, só tenho lembranças boas dos cinemas de rua.

A primeira lembrança de uma ida ao cinema remete a “Superman - O Filme”, ainda em São Paulo. Fui levado pelo meu irmão e quis sair antes do final da sessão. OK, a primeira vez não foi lá essas coisas, mas plantou uma semente.

Já em Porto Alegre, o hábito de ir ao cinema se tornou mais constante. Morava no bairro Menino Deus, que tinha o seu cinema: o Marrocos, no final da Avenida Getúlio Vargas (depois virou estacionamento e pizzaria). Pela proximidade, era só trocar o filme, e lá eu estava.

Outro cinema muito frequentado por mim era o Roma, na Azenha. Perto de onde vários colegas de 1º Grau (atual Ensino Fundamental) moravam, era um destino constante na tarde de domingo. Até porque era bem mais barato que as outras salas.

No Roma, funcionava assim: depois de uma ou duas semanas em cartaz nos principais cinemas, os blockbusters entravam em cartaz no Roma, a um preço bem mais baixo. Como era fácil de chegar, eu aproveitava. Naquela época, pouco ligava para a qualidade das salas. O que importava para mim era assistir o filme. E só. O Roma, por exemplo, era um “pardiero”. E eu estava sempre lá.

Os cinemas “top” eram no Centro. Tinha o Victoria, com longas filas que começavam na porta do cinema, na esquina da Borges de Medeiros com a Andrade Neves e terminavam só na Rua da Praia (especialmente quando eram exibidos os longas dos Trapalhões). Até hoje, os Victoria 1 e 2 estão numa galeria, pertinho do endereço de outrora, bem menores do que antes.

O Imperial (que depois foi dividido e teve seu mezanino transformado no Guarany), na Praça da Alfândega, também era um dos que exibiam os grandes lançamentos.

Outro “grandão” do Centro era o Cacique, que muitas vezes tinha sessões lotadas para seus mais de 1,5 mil lugares. Tinha até direito a pinturas do Glauco Rodrigues. Um luxo. É esse lugar que agora vai ser um Zaffari. Na década de 80, depois do fechamento, um incêndio atingiu o Cacique e o Scala (que funcionava no mezanino), detonando o que lá restava, incluindo as pinturas do Glauco. Me lembro que lá ainda funcionou um estacionamento. Também pudera, era um latifúndio de cinema.  

É difícil eu não ter ido a algum cinema naquela época, Até porque era aficionado. Se tinha algum filme passando que quisesse ver, dava um jeito de chegar, mesmo que fosse na Protásio Alves; na 24 de Outubro, na Independência ou na Assis Brasil.

Não posso deixar de falar do Bristol, que era na Osvaldo Aranha, no Bairro Bom Fim, ao lado do enorme Baltimore. Foi lá que, digamos, eu tive minha graduação em “educação cinematográfica”. Funcionava assim: durante uma semana, a sala tinha um ciclo de filmes, dentro de uma temática que podia envolver temas ou  cineastas específicos. Uma semana de “Guerra nas Estrelas” (os três primeiros da série) ou de Akira Kurosawa, por exemplo. Para uma criança/adolescente muito interessada, era o ápice. Ah, as sessões da meia-noite do ABC (na Venâncio Aires) também eram memoráveis.

Aos poucos, pude testemunhar as grandes salas sendo fatiadas, virando 1, 2, 3 e até 4, como no Baltimore. Depois, foram sendo fechadas. E os cinemas em shoppings foram tomando conta.do campinho.

Tenho saudade dos cinemas de rua, mas não lamento por completo. É uma evolução: cadeiras mais confortáveis, limpeza, banheiros decentes, estacionamento, segurança e outras mil facilidades que um centro de compras oferece. Só resta lembrar de uma época boa.  

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Kiss: a noite que ainda não terminou, três anos depois



27 de janeiro, 3h. 15º sono rolando. O celular toca. Do outro lado da linha, a editora do jornal A Razão, de Santa Maria, Clotilde Gama. Ela me pede desculpas por ligar naquele horário. A repórter escalada para ser plantão não atendia. Ainda meio grogue, sou informado que houve um incêndio na Boate Kiss e que houve mortos, “Uns cinco”, inicialmente.

Morava relativamente perto, em um bairro adjacente ao Centro de Santa Maria. Chamo um táxi e parto pra Kiss.

Ao chegar, por volta das 3h20, olho um cenário de guerra. Caminhões de bombeiros, ambulância, policiais, bombeiros e uma multidão na esquina da Avenida Rio Branco com a Rua dos Andradas, a rua da Kiss. Alguns que conseguiram sair da Kiss estavam na esquina, contando o terror que passaram.

Chego na porta da boate, ainda sem isolamento policial. Ainda há pessoas sendo encaminhadas por ambulâncias ou carros particulares para os hospitais. Familiares de pessoas que estavam na boate chegam desesperados em busca de informações. Era uma confusão danada, muita desinformação.

Ainda não se conseguia ter uma noção da tragédia. Em frente à boate, no estacionamento do supermercado Carrefour, estava uma lona branca aberta. Embaixo dela, os primeiros corpos. Acho que não passavam de 10.

E a movimentação de policiais e bombeiros continuou, mas já não saía mais ninguém de dentro da boate. No meio da correria, um bombeiro comenta sobre o cenário de terror e diz que ficou apavorado com o banheiro. Fala que tirou uma foto. Peço pra ver. Ele me mostra: uma pilha de gente morta, uns por cima dos outros.

Quando vi a foto é que comecei a ter noção de que era uma grande tragédia mesmo. Ainda tentando me recuperar do choque, começo a ouvir sobreviventes, funcionários da Kiss, policiais, bombeiros e qualquer pessoa que aparecesse na minha frente.

O telefone toca algumas vezes ainda durante a madrugada. Meus familiares querendo saber se eu estava bem, colegas jornalistas de várias partes do país atrás de informações, pessoal do jornal A Razão...

De manhã, caminhões-baú estacionam em frente à Kiss, e corpos são colocados dentro. São carregadas quatro levas. A essa altura, já havia cordão de isolamento na Andradas, acima e abaixo da Kiss, ambos feitos por brigadianos.

Quando saiu a última leva de corpos, parto para o Centro Desportivo Municipal (CDM), para onde estavam sendo levados os mortos. Ao chegar lá, fila de familiares para entrar. Policiais militares tentavam organizar. Muito choro, muitos gritos, muito desespero.

Depois de mais um tempo tentando entender o cenário e fazer algumas entrevistas, consigo entrar. Vou pra arquibancada de um dos ginásios, tomada por familiares. Era tudo muito dolorido.

Tenho até uns “brancos” daquela manhã. Não consigo lembrar exatamente com quem falei nem o que fiz. Tenho só alguns flashes.

Uma das cenas que ficaram na memória foi a de quando entrei onde estavam os corpos, em um dos ginásios do CDM. Já cobri acidentes, assassinatos, mutilações e até um esquartejamento. Mas nunca tinha visto centenas de mortos deitados em fila. Soma-se a isso familiares chegando a todo momento para o reconhecimento. Dor pra todo o lado.

Nem sei até que horas fiquei trabalhando no dia 27 de janeiro. No dia seguinte, começaram os enterros em Santa Maria. Mais dor. E ainda teve plantão na porta do Hospital de Caridade. E depois na frente da 1ª Delegacia de Polícia Civil, morada de vários meses.

Aprendi muito com a cobertura da Kiss durante o ano. E não foi só coisa ruim. Os delegados e policiais civis sempre me receberam bem, me deram todas as informações e ainda me proporcionaram vários “furos” ao longo dos meses. Os advogados, de defesa e acusação também facilitaram muito meu trabalho, sempre com respeito. Graças a essa turma toda, eu também sempre tinha informações para dividir com os colegas de imprensa, especialmente os que chegavam de fora.  

Mas os familiares das vítimas foram um capítulo à parte. Tive a oportunidade de viajar com eles algumas vezes e conviver o ano inteiro. São pessoas maravilhosas, que considero minha família. Uma pena conhecê-las nessas circunstâncias.

O certo é que 242 pessoas morreram quando foram só se divertir. E não é possível pensar numa tragédia dessas proporções sem responsáveis. Acredito que o primeiro inquérito da Polícia Civil foi o que chegou mais perto. Se a casa tinha uma saída minúscula, obstáculos antes de chegar à rua, falta de luzes de emergência, entre outros problemas, alguém foi responsável. E, se isso não foi fiscalizado, alguém foi responsável.

Os 242 (quase todos jovens, com pouquíssimas exceções) acabaram se tornado mártires, porque forçaram as autoridades a tomar providências em todo o país. De uma hora pra outra, notaram que a segurança de frequentadores de boates, estádios, ginásios, lojas etc era sempre negligenciada. E os próprios usuários também começaram a atentar para isso.

Não podemos esquecer do que aconteceu. Senão daqui a pouco descamba de novo. Os familiares estão nessa luta por responsabilizações, sim, mas também porque querem mais segurança para os filhos de todos, para que a tragédia não se repita, para que ninguém tenha que enfrentar a dor que eles carregam.

Hoje (e todos os dias) só quero abraçar quem perdeu uma parte bem importante de si naquela caixa de abelhas e quero abraçar quem sobreviveu vai carregar marcas físicas e/ou psicológicas pro resto da vida. Passaram-se três anos, precisamos de mais respostas. Justiça, justiça, justiça.






segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Vestibulando

Pouco tempo que soube que a Comissão Permanente de Vestibular (Coperves) da UFSM havia divulgado a relação candidato/vaga do vestibular, fui correndo lá pro site olhar. Foi a primeira vez que realmente me senti um vestibulando. Tá, tudo bem, tinha olhado o edital, fiz a inscrição no site, paguei a inscrição na data-limite, depois de muito filosofar a respeito. Mas ainda não estava no clima.

Na empolgação, até meio bobo, abri o PDF no site da Coperves, rolei a barra lateral e cheguei até "meu" curso: Tecnologia em Sistemas de Internet. Olhei, olhei de novo e exclamei: 0,35 por vaga. A Mari, minha metade incentivadora, já queria escrever "bixo" na minha testa. Festa momentânea.

Olhei de novo a tabela dos cursos para ter certeza. Percebi que, na verdade, não iria concorrer somente com um braço ou uma perna. O 0,35 candidato/vaga era do curso de Frederico Westphalen. Em Santa Maria, é 1,70 por vaga. Não parece nenhum drama: são 34 candidatos para 20 vagas destinadas a quem não se enquadra em nenhuma das cotas (pessoa com deficiência, indígena, estudante de escola pública). Ter 35 anos ou mais não vale.

O problema disso tudo é que eu terminei o 2º Grau (viu? nem era Ensino Médio) em 1991. Osmose, cloreto de sódio, vegetação, gravidade, hipotenusa, cateto, cacete! São só palavras sem muito significado, perdidas em algum lugar obscuro do cerébro. Literatura, história, português, redação, até vai. Mas, e o resto?

Bom, sempre tem a abstenção... Alguns ficam presos no trânsito e perdem a prova... Uns zeram a redação... Estou no páreo. E, se alguém ainda lê este blog, vai ter que me aguentar. Vestibulando é bicho (ainda com ch) chato mesmo, né?

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Férias, parte 1 de várias

O casal tinha passado o domingo, 13 de setembro, em Olinda. Sim, a cidade das igrejas seculares, das ladeiras. Luiz e Mari tinham embarcado no Piedade/Rio Doce e, depois de uma viagem rapidíssima, desceram na Avenida Agamenon Magalhães, perto do Hospital da Restauração (e não da Ressureição, como ele falava às vezes) e da Praça do Derby. Meio desorientados, eles começaram a seguir um bando de torcedores com camisetas alvi-rubras.

Algumas quadras de caminhada e cerca de 20 minutos, e eles chegaram ao Estádio dos Aflitos. No caminho, venda de traquitanas e ingressos. A entrada da torcida visitante era pela rua dos fundos. Para garantir, seguimos um grupo que usavas camisetas tricolores, azul, preto e branco. Antes da chegada, um cambista oferecia o ingresso por R$ 30, o mesmo preço da bilheteria. Compramos, com um pouco de receio, e entramos. Eram mais ou menos 17h30min, faltava uma hora para a partida.

O jogo? Náutico x Grêmio, pelo Campeonato Brasileiro. Não estava nos planos passar férias em Recife justamente quando o tricolor gaúcho fosse jogar lá. Foi uma feliz coincidência. A escala de trabalho foi madrasta tantas vezes em que o Grêmio jogou em Porto Alegre, mas o calendário de férias foi uma mãe pra gente nesse sentido.

E a sorte não parou por aí. O Grêmio não tinha ganhado nenhuma partida fora de casa no campeonato. Tinha a pior campanha fora de seus domínios. E não é que ele venceu a primeira, tendo eu, a Mari e mais cerca de 100 gremistas como testemunhas? A vitória começou a ser construída cedo, com os 2 a 0 do primeiro tempo. Depois, foi só segurar o resultado.

Foi um momento marcante das férias. A 3,8 mil km de casa e em meio a praias e lições de história, vimos o nosso time ganhar em um estádio lotado pela torcida adversária. Tudo bem tranquilo, sem violência, sem ameaça. E com direito a provocações da torcida gremista aos vizinhos do prédio que fica colado no estádio que podem ver o jogo da sua sala de estar.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Seis salas de cinema


Desde a última sexta-feira, Santa Maria tem quatro cinemas a mais. São as salas da Arcoíris, no Royal Plaza Shopping. Para quem está acostumado a cinemas multiplex nos "grandes centros", pode parecer que as salas não têm nada de mais. Mas, para Santa Maria, elas fazem uma grande diferença.

Falo de cadeira (de cinema), depois de sentar em salas em que não dava para ver filme nacional, porque o som era uma merda, depois de sair com as costas doendo, porque o assento era pura tábua, depois de ver inúmeras falhas na projeção de um filme. No domingo passado, eu e a Mari estreamos na sala 3 do Arcoíris. Faço minhas as palavras da Tati Py, na matéria publicada pelo Diário no fim de semana (a foto acima é do jornal, feita pelo Lauro Alves): "O ambiente é acolhedor – característica favorecida pelo cheiro de carpete novo e pelas poltronas extramacias, que fazem você se sentir no sofá de casa. Os assentos, aliás, foram instalados como uma arquibancada, num sistema chamado Arcoplex Stadium. Nele, há um desnível de 35cm de um degrau para outro. Ou seja: se uma pessoa alta sentar na sua frente, dificilmente encobrirá sua visão. O som é impecável, bem como a qualidade de imagem." Não foi barato (R$ 12 no domingo), mas valeu o preço do ingresso.

Pra não dizer que tudo era perfeito, achei o banheiro meio tímido em relação à grandiosidade das salas. O masculino, pelo menos. Não entrei no outro, claro. No dos meninos, há apenas um mictório (para quem não sabe, é uma espécie de orelha grudada na parede em que você faz xixi dentro) e um vaso sanitário (a popular patente ou privada). Então, até fila tinha, o que não é muito comum entre o público que tem tico. Para completar, não há uma mola na porta. Como não falta gente com rabo nesse mundo, você pode sair de uma sessão de Transformers 2 e ganhar de brinde a visão de um gajo dando aquela mijada.

Não vou falar sobre o "bombonière", porque a Mari é que ficou responsável pela pipoca (que tava boa) e o refri (que tava gelado). Sobre o filme, Intrigas de Estado, vale outro post, só pra comentar o "conflito" entre o jornalismo impresso e o online.

O bacana de tudo isso é que temos agora chance de ter seis filmes diferentes passando em seis salas na cidade, mesmo que, neste começo, haja filmes repetidos. Ter escolha é importante, mesmo que a escolha seja ficar em casa.

domingo, 28 de junho de 2009

O twitter do Luxemburgo


Estava demorando. Uma notícia vinda do Twitter de alguém ganhou a mídia nacional. No caso, estou falando do técnico Vanderlei Luxemburgo, que anunciou em seu Twitter e em seu blog que havia sido demitido do Palmeiras, no sábado de madrugada.

Aguardem, caros leitores. Em breve, mortes, divórcios, casamentos, lançamentos e outras coisas que você só ficava sabendo pela mídia serão descobertas diretamente das fontes, sem intermediários. Nada mais atual, em tempos que o diploma de jornalista não vale nada.

sábado, 27 de junho de 2009

O estelionato não vem de hoje

Se brasileiro tivesse memória e os políticos tivessem vergonha, José Sarney jamais seria presidente do Senado. Basta lembrar do estelionato eleitoral cometido em 1986. Em março daquele ano, milhões de brasileiros pregaram um broche nas camisas e saíram às ruas para defender o controle de preços do Plano Cruzado. Eram os "fiscais do Sarney". O congelamento só resistiu até as eleições estaduais de novembro daquele ano, quando o PMDB quase todos os governadores do país. Sem o tabelamento, a inflação galopante voltou, e os "fiscais" se sentiram traídos. Teve até jornal que publicou o tal broche na capa, para que ele fosse recortado e colado no peito. Que ilusão...
Chega das velhas raposas, tema tão bem abordado pelo chargista Simanca, do jornal A Tarde, da Bahia (aí logo abaixo).


Ser bombeiro é fogo, mesmo que por 8 horas

Ser bombeiro por um dia foi um aprendizado e tanto, numa promoção dos bombeiros de Santa Maria. Em apenas 8 horas, aprendi muita coisa. Senão vejamos:


Conheci várias técnicas de enforcar gente...



... aprendi a invadir prédios e a fugir de rapel...


... a sair correndo com a mangueira dos bombeiros...


... a incendiar...


... e depois atiçar o fogo...

... e a fazer baderna em cima do caminhão dos bombeiros (todas as fotos, com exceção da última, são de Marilice Daronco).


Brincadeiras à parte, ser bombeiro por um dia foi uma baita experiência. Deu pra ver que os caras ralam pra caramba. E que fazem muita coisa. Na boa, eles são mesmo heróis. E não só por um dia.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Periquito é time



O Riograndense tá indo bem melhor do que eu imaginava na 2ª fase da Segundona do Gauchão. Neste domingo, venceu o Bagé por 2 a 1 e está cada vez mais isolado na liderança de sua chave. Em cinco jogos nessa fase, são 4 vitórias e 1 empate, o que impressiona. E o time está jogando direitinho.

Na tarde deste domingo, saiu atrás, numa falha gritante do zagueiro Bonaldi, mas empatou logo depois com Rangel e virou com Juninho Laguna. O que não dá é perder tanto gol. A partida poderia ter sido muito mais fácil e sem sustos se não fossem desperdiçadas tantas chances de gol.

Se o Periquito vai subir pra primeira divisão, não sei. Até porque depois tem uma fase em que tudo começa do zero novamente. Mas está legal ver o Riograndense. Tem mecânica, jogadas bonitas, saída rápida de trás... Tem cara de time.




domingo, 14 de junho de 2009

O exterminador do roteiro



Puxa, que saudade do James Cameron. Ele fez da série O Exterminador do Futuro algo de fundamento. O primeiro, de 1984, tive a oportunidade de ver no cine Marrocos, na Getúlio Vargas, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre. Tinha 10 anos na época, e filme tinha censura de 16. No Marrocos, não davam muita bola pra isso. Mais tarde, eu entendi a mensagem da classificação por idade. Tudo bem que dava pra ver os peitos da Linda Hamilton, a Sarah Connor que o robô Arnold Schwarzenegger queria matar para que ela não tivesse o filho, John Connor, que seria o líder da resistência. O engraçado é que depois eu não sonhava com as tetas da Sarah, e sim com a cara do atual governador da California.

Fechando o parêntese, voltamos a 2009 e ao O Exterminador do Futuro: a Salvação, que estreou recentemente nos cinemas. Os efeitos são bacanas, mas a historinha... Quantos buracos no roteiro.

Pra começar, os robôs da Skynet, que domina o mundo e está prestes a exterminar toda a raça humana do planeta, são muito burros. Em algumas cenas, eles parecem Hulks jogando humanos para lá e para cá, em vez de esmagar o crânio deles. E ainda permitem que a resistência humana se comunique por rádio! Em 2018! Ah, desculpa, mas não dá pra acreditar.

Tem uma cena no final que eu não vou nem comentar, pra não estragar a surpresa e para não pegar pesado demais. Sem falar em outras dezenas de furos no roteiro. Estou me perguntando até agora onde foi para a equipe comandada por John Connor (Christian Bale) que desce de rapel em um buraco no início do filme. Eles desapareceram! Vai ver vão voltar numa futura sequência. Por mim, tudo bem que a franquia siga viva. Desde que arrumem um diretor e um roteirista que não exterminem a minha paciência.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

De olhos abertos para a cegueira do mundo


Em um sábado à noite, saio perturbado da sessão de Ensaio sobre a Cegueira. Estou na Cidade Baixa, em Porto Alegre, e começo a observar alguns detalhes que não enxergava mais. Na Rua Lima e Silva, um guardador de carro pergunta se eu, assim como ele, achava que um carro estacionado estava com os faróis acessos. Respondo que sim e ainda emito a opinião de que o dono do veículo iria ter problemas para dar partida. Sigo meu caminho e percebo que, antes do filme, talvez aquele guardador estivesse invisível. Logo depois, quase sou atropelado por um veículo que dobra na Rua da República. Ele não havia dado o sinal da conversão, e eu, não o vi. Cegueira momentânea?
Segui pensando na visão que temos do mundo. O diretor Fernando Meirelles tem a sua, apresentada em Ensaio sobre a Cegueira, adaptação para o cinema da obra do escritor português José Saramago. Li o livro há uns bons anos e posso dizer que o cineasta (e seus roteiristas) tiveram trabalho para filmar uma história cujos espaço e tempo são indefinidos, repleta de metáforas e com personagens sem nome. O básico: uma epidemia de cegueira que atinge a humanidade. A partir da perda do sentido da visão, vem a barbárie.
Com medo do contágio, o governo decide isolar os primeiros "infectados" em uma espécie de manicômio abandonado. Lá, eles têm que se acostumar a novas regras e hierarquias. Enquanto uns propõem a igualdade de direitos e deveres, outros crêem que podem governar pela força e humilham os restantes. É interessante, tanto no livro quanto no filme, ver essa transformação do homem em um animal que só vive para saciar o apetite de seu instinto. Despojados das facilidades modernas, "os seres humanos" voltam a ser bichos, em busca das necessidades básicas, como comida, bebida e sexo.
A cegueira é branca, muito bem retratada pela fotografia do filme. É o brilho da luz que cega, é o excesso de informações desordenadas que confunde, e não deixa ver como o mundo como ele realmente é. Isso só pode dar em caos. Não é o que estamos vivendo?
Meirelles fez algumas concessões - amenizou a cena dos estupros, por exemplo -, mas não todas. E conseguiu tirar boas atuações de Julianne Moore, Mark Ruffalo, Gael García Bernal, Danny Glover e Alice Braga. Com produção globalizada e filmagens não menos espalhadas (São Paulo foi uma das locações), Ensaio, com o perdão do trocadilho, faz a gente enxergar muitas coisas. Mesmo que em, algumas partes do filme, o choque de realidade nos faça fechar os olhos.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Parte IV

A história já passou pelo Homero, pela Ale e por aqui. Agora, a 4ª parte está lá, pelas mãos do Chagas. A próxima é a Fani.
Alguém viu o Rouxinol?

domingo, 6 de julho de 2008

A história, parte 3



A parte 1 da história você encontra no blog do Homero.
A parte 2 tá no da Alexandra.
A parte 3, depois de um parto, está aqui.
Em breve, a parte 4, que será tarefa do meu grande amigo Paulo Chagas.


Antes de entrar no bar, vomita uma mistura de estrogonofe com musse de maracujá. Não conseguiu entrar no beco. Uma senhora gorda passa, diz algo parecido com “torto” e cospe, mas ele não dá bola. Passa a mão no rosto. Quer uma bebida gelada pra tirar o seco da garganta e o gosto de podre.
Não há ninguém na porta, então ele entra direto. Supresa. O lugar é muito menor do que parece do lado de fora. À direita, num canto escuro, uma jukebox toca “Over the Rainbow”.
Ainda meio tonto e com gosto de guarda-chuva na boca, ele se aproxima do balcão, que fica a uns 5 metros das únicas três mesas do bar. A luz negra domina o ambiente. Na última mesa do fundo, há uma mulher em um vestido branco, que se destaca naquele ambiente escuro e fétido.
Que sede! Sentado em um banco à frente do balcão, um homem de terno verde- musgo e chapéu de panamá balança a cabeça, num cumprimento. Ele não retribui, só pensa em algo bem gelado. Pede uma cerveja e uma dose de gin tônica para o longilíneo barman, que usa uma camiseta branca sem mangas.
Só depois de os copos serem servidos é que ele nota o bigodinho bem aparado e uma tatuagem no antebraço esquerdo: “O destino o trouxe aqui. Deus o levará.” é a frase dentro de um coração sem flecha e sem cor.
Ele larga uma nota de R$ 50 e vai sentar de frente para a moça do vestido branco. Nem dá tempo de terminar o primeiro gole de gim, e ela se levanta e sai porta afora. Os cabelos são longos e loiros. Um doce aroma de alfazema fica no ar.
A porra da cerveja está quente. Ele então seca o copo de gim e vai para o banheiro, atrás de uma porta estilo “saloon”.
Dentro do WC, um forte cheiro de merda. Numa peça sem porta, a latrina está com uma água marron transbordando. Ele resolve, então, mijar no mictório, que já não dá vencimento e também está entupido. Tudo gira.
Sobre a pia, uma ponta. Meio entorpecido pelo fedor que invade suas narinas e acende a baga com seu Bic. A fumaça ainda está nos pulmões quando a porta se abre. É um velho, de feições magras. A barba está grande e malfeita. Os cabelos, soltos, ultrapassam os ombros. Veste um tipo de túnica longa e avermelhada. Sem saber o que fazer, ele tenta sair. O senhor coloca a mão em seu braço e puxa uma faca. Começa a gritar:
- Não deixe Dolores ir atrás do rouxinol! Não deixe Dolores ir atrás do rouxinol!
A porta se abre novamente. Surge uma pistola cromada, na mão de alguém com terno preto e Rolex. Ainda seguro no braço pelo velho, o homem fecha os olhos e ouve um tiro.

CNH: proibida para pobre


A primeira habilitação no Rio Grande do Sul:
R$ 129,90 - 30 horas de aulas teóricas (R$ 4,33 cada hora)
R$ 360,75 - 15 horas de aulas práticas (15 x R$ 24,05)
R$ 21,62 - Locação do carro para os exames práticos
R$ 41,99 - Exame de saúde
R$ 41,99 - Avaliação psicológica
R$ 41,99 - Exame teórico
R$ 73,04 - Exame prático de Direção
R$ 32,86 - Expedição da CNH

R$ 744,14 - Total

Em Santa Catarina, a primeira CNH sai por R$ 560. Pra começar, os exames custam R$ 30 cada. É uma diferença.

Se as contratadas para fazer os exames no Rio Grande do Sul conseguiam executar o serviço e ainda desviar milhões, a carteira podia ser mais barata, não? Demorou. Não é à toa que os CFCs parcelam, aceitam cartão de crédito etc

Um pingo de ressaca moral

Protesto na frente do Bar do Pingo (foto de Charles Guerra/Diário)


Fatos:
1) No sábado retrasado, dia 28, um jovem administrador de empresa de 25 anos não concordou com a conta no Bar do Pingo, na esquina da Astrogildo de Azevedo com a Floriano Peixoto, no Centro de Santa Maria. Terminou a noite com alguns dentes quebrados e com o maxilar partido em dois.
2) Na quinta-feira à noite, mais de 100 pessoas fazem protesto em frente ao Bar do Pingo, propondo boicote coisa e tal, por causa da violência. O trânsito foi fechado, os jornais divulgaram fotos...

Conseqüências:
1) Advogado da vítima fecha acordo com o bar, para não haver processo. As bases ainda não são conhecidas.
2) Sábado, meia-noite. Uma fila de quase 40 pessoas se forma do lado de fora do bar. Todas querendo entrar.

Desejos:
1) Que as casas noturnas sejam fiscalizadas de verdade pelas autoridades, a começar pelos seguranças.
2) Espero que nenhum dos que estavam na fila no sábado passado tenha comparecido ao protesto. Seria muita hipocrisia.

terça-feira, 1 de julho de 2008

O cocô fala




Você nunca se sentiu incomodado por estar "trancado"? Numa linguagem mais chula, ficou um tempo sem conseguir cagar? Pois é, além de causar um mal-estar, afeta o lado psicológico. O cara fica meio chateado, não consegue fazer as coisas direito, parece que carrega um peso nas costas (neste caso, literalmente)...

E descobriram, mesmo, o valor do marronzinho (ou begezinho, se você estiver com "churrio"). Tanto que os norte-americanos Anish Sheth e Josh Richman lançaram o livro O que Seu Cocô Está Dizendo a Você - Montes de Fatos Importantes Sobre a sua Saúde. Uma crítica de Ludmilla Balduino no UOL Tablóide dá uma idéia do quão sensacional foi escrever sobre merda, mesmo que seja para depois alguém dizer que a obra é uma merda.


Da resenha de Ludmilla tiro algumas coisas sensacionais. A começar por uma parte da introdução do livro: "Ainda que não seja uma conquista facilmente alcançável, essa espécie de 'Cocô-Foria' nos proporciona um êxtase, uma sensação de invencibilidade, que alguns já comparam com uma iluminação mística".

Vejam alguns tipos de cocô classificados pelos autores: "Os Que Flutuam e Os Que Afundam", "O Cocô Empedrado", "O Pingente", "O Cocô Que Põe Fim à Lua-de-Mel", "Cocô Já-Te-Vi" (também chamado de "Hambúrguer Vegetariano" ou "Sobras de Ontem"), "Número 3" (Fazer Xixi por Trás, Cocô Líquido, As Grandes Corredeiras etc)... Sabem qual personagem do livro explica tudo isso? O Dr. Barroso kkkkkkkkkkkk

Para quem despreza o que sai da bunda e dá descarga sem nem dar tchau, é bom repensar seus conceitos. E tem o lado lúdico também: vai dizer que o cocô não é um bom amigo com quem se poder falar merda. Dizer porra nenhuma já fica complicado. Dar uma mijada em alguém também é muito grosseiro. Tá, exagerei na escatologia. Mas, pensando bem, me fez bem escrever esse post. Que está uma merda.

(agradecimento ao Deni por essa descoberta)

O livro já está venda por aí a R$ 17,90, é só jogar no Google que você acha.
Leia o release da editora aqui.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

A história

Não me esqueci que tenho uma história para continuar, dos blogs do Homero e da Alexandra. Já comprei vinho para a semana, acho que vai dar certo.

O diploma

Estava marcada para agora de manhã uma manifestação de estudantes de Jornalismo pela exigência do diploma para o exercício da profissão.
Confesso que sou meio indiferente a essa questão, mas por causa de uma situação bem pessoal. Antes de receber o canudo propriamente dito, trabalhei quase quatro anos em redação e um em assessoria de imprensa. Trabalhei e aprendi muito mais do que no curso da UFRGS. Para não dizer que não tirei nada da Fabico, ficvaram muitas amizades e muito senso crítico, principalmente por causa de professores como Giba Assis Brasil. Sandra de Deus, Wladimir Ungaretti e Virginia Fonseca. Infelizmente, foram poucos momentos de brilho. Eu também dei a minha contribuição, sendo um péssimo aluno.
Só não larguei mesmo o curso porque precisava me formar para poder trabalhar na "legalidade" e, claro, poder assinar carteira. E porque uma professora acreditou que eu podia. Enquanto a formatura não acontecia, diversas oportunidades foram passando. Perdi pra gente que sabia menos que eu por causa da falta do diploma.
Então, pra mim, tanto faz. Mas é uma opinião bem pessoal. O certo é que não qualifico ou desmereço ninguém por causa de seus "títulos". O contrasenso disso tudo é cursar uma especialização e gostar dela.

Noite de São João


São João deve estar excomungando os participantes da 4ª festa junina (se não me perdi nas contas) que é realizada em Minas do Camaquã, em Caçapava do Sul. É uma comemoração, digamos, extremamente pagã. Vinho, cerveja, ovelha, porco, carreteiro, feijão e, dizem, até tequila. Mas acho que o pessoal está ficando mais velho... Tomba mais cedo ultimamente. Para quem tinha de trabalhar no domingo, como eu, ficou algo faltando. Mas foi bem divertido, como mostram algumas fotos feitas por este que vos escreve.
















A volta

Passei praticamente um mês fora desse espaço. Porque fui viver a vida real. Várias consultas para ver como anda a saúde (por enquanto, tudo bem), trabalhos de aula (quase em dia, finalmente), diversas andanças para fazer documentação nova (agora tenho uma identidade decente, CNH renovada e passaporte) e um tempo para namorar (essa, a parte boa). Sempre tenho muita coisa pra fazer (o que inclui trabalhar e cuidar da casa), mas acho que consegui me organizar. Por isso, o blog está voltando à ativa. Espero que não pare mais.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Ela merece



Interrompo o jejum de postagens (outra hora eu explico o motivo) para dar os parabéns a minha amiga Elaine (aí em cima na foto, à direita, claro), que ganhou o Prêmio Fatma de Jornalismo Ambiental, junto com Edélcio Lopes, ambos do jornal Correio Hoje, de Videira (SC), pela matéria Pinheiro Brasileiro. Além de tudo, levou um checão!
Ela merece, ela merece...
Tá, depois de todos esses elogios, vc tem algum pra emprestar?
Beijo, amiga, e parabéns de novo. Precisamos comemorar juntos. Já tô procurando nos classificados um fígado para alugar, para quando você aparecer por Santa Maria ou eu for pra Videira.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

www.procon

Sou vítima do meu próprio blog. Vou lá nos favoritos, acho o santaporto e clico. O que eu recebo em troca? Um pop up comercial! Mercado Livre!
Fui lá ler nos "termos de serviço" e não fala nada em publicidade às minhas custas. Tá certo que eu não pago nada pra ter um blog, mas nem por isso tenho que dar visibilidade (leia-se "grana") pra algo que não curto. Quando é que vão inventar o Procon da Internet?

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Jogo no MP3

Esqueci meu radinho em Santa Maria, mas fui pro Estádio Olímpico com meu MP3, achando que teria de escutar o jogo na PopRock. O que não me agradava muito. Mas tive uma grata surpresa: a Rádio Guaíba FM surgiu com a transmissão da AM na hora da partida. E fico sabendo que, daqui a alguns dias, a Gaúcha também vai para a FM. Demoraram para descobrir que a maioria das pessoas hoje só tem FM, seja no MP3 ou no celular...

No estádio



Sábado, final de tarde, reencontro com o Olímpico, em Porto Alegre. Aquela velha história: o jogo pode até não ter sido um espetáculo, mas não há nada como clima de estádio. Mais de 25 mil viram Grêmio 2x0 Naútico. Torcer é uma religião.

*

O ingresso mais barato é R$ 15, pra quem é "sócio torcedor". Para o restante dos mortais, R$ 30. Futebol já foi um esporte mais popular.

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Bebida alcóolica está proibida nos estádios. A moda agora é encher a cara antes de entrar. Mas aí o porre tem tempo limitado. Coincidência ou não, nenhum bêbado veio me chatear no jogo.

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Na arquibancada, ninguém senta. Quando eu era piá, a torcida levantava só nos lances de perigo. E ninguém mais grita "olha o mijo!" pro cara da frente que está de pé. Fica todo mundo na mesma.

*

Muito mais crianças, muito mais mulheres. E elas também xingam o juiz. Só não gritam "gostoso!" pra ninguém.

*

A torcida Alma Castelhana (aquela da avalanche) ganhou espaço, justamente por não ser organizada. Não pára um minuto. As organizadas (Super Raça e Torcida Jovem) ainda resistem, em número muito reduzido ao de outrora.
Ainda no tempo de adolescente, eu e o Tiago - vizinho e colega de colégio - fomos nos associar numa dessas organizadas. Era tanta regra que desistimos: chegar 2h antes do jogo, não sentar, não ouvir rádio...

*

Pouco mais de 24 horas depois do jogo, já são 11 vídeos no You Tube relacionados a Grêmio x Náutico (um deles está aí no alto). Sinal do tempos.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Tudo trancado


Definitivamente, a cena daí de cima é uma das coisas que não dão saudade de Porto Alegre. Experimente sair de carro nos horários em que todo mundo resolve fazer o mesmo. Do túnel da rodoviária até o começo da Tabaí-Canoas (BR-386), foi uma hora e meia. O que, sem tráfego, dá pra fazer em 15 minutos. Isso que nós até demos sorte. Podia ser bem pior, já que era véspera de feriadão.

A caveira do Indy



O tempo foi implacável com o personagem Indiana Jones, que volta 19 anos depois. Não que Harrison Ford esteja fora de forma. Nem que Steven Spielberg tenha perido o timing. Quanto a esses dois, sem reparos.
Ford ainda pode ser um herói de primeira. E Spielberg ainda sabe entreter como poucos e tem completo domínio das cenas de ação. Mas Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal peca no roteiro. O problema não é o objeto do desejo - a caveira de cristal -, mas a chatice de algumas personagens, como as de John Hurt e Karen Allen (aquela mesmo de Caçadores da Arca Perdida).
A vilã, sim, é de respeito: Irina Spalko (Cate Blanchett) é uma cientista soviética conhecida como a "favorita de Stalin". Em plena era da Guerra Fria, Indiana consegue fugir dos russo e é levado para uma floresta da América do Sul por um jovem Mutt (Shia LaBeouf, de Transformers), que o procura para salvar a mãe (Karen) e um arqueólogo (Hurt). No decorrer do filme, segue a busca pela caveira de cristal e por um reino perdido que dá poderes a quem o encontrar.
Na comparação, com os outros, O Reino da Caveira de Cristal perde. Mas ainda assim diverte, pois o Indy está lá com sua jaqueta de couro, seu chicote e o seu já conhecido medo de cobras. Só não acho que seja o caso de um quinto filme da série.

Bichinhos





Um é o gato Chiquinho Roese, que se apaixonou pelo chulé do meu All Star.

O outro é o cachorrinho do primeiro suspeito preso na Operação Minotauro. A propósito, o homem garantiu que alguém iria levar comida e água para o bichinho, enquanto estivesse na cadeia.

Operação: reportagem


Apenas meia hora depois de ter encerrado a jornada de trabalho na terça, já estava na estrada, rumo a Porto Alegre, acompanhado pelo motorista, o Zeca, e o fotógrafo Fernando Ramos. Eram 21h30. Até chegar na minha casa porto-alegrense, 1h. Beijos no pai e na mãe, afago no gato coisa e tal. Até conseguir dormir, 2h.

Às 4h, tocou o despertador no celular, mas não dei muita bola. Quinze minutos depois, veio o reforço.

- Ô, Luiz, tu não tinha que acordar às 4h? - disse o pai.

Foi só o tempo de tomar uma ducha e chamar um táxi. Saí no seco. O relógio marcava 4h43 quando entro no Hotel Continental, na frente da rodoviária. A equipe está no restaurante do hotel, tomando café. Fico meio preocupado, porque o encontro com os policiais civis de Santa Maria estava marcado para as 5h30, mas em Novo Hamburgo. Chegar lá é fácil, mas eu não tinha nem idéia de onde ficava a Central de Polícia. O Zeca e o Fernando, muito menos.

Não esquentei muito a cabeça, resolvi me sentar para tomar um café. Afinal, como dizia a minha avó, "saco vazio não pára em pé". Uma xícara de café, uma fatia de pão integral com manteiga e queijo, uma colherada de mel e dois pedacinhos de mamão papaya. Eu não estava hospedado, mas achei que ninguém ia complicar. Ledo engano. Antes de deixar o recinto, um funcionário do hotel veio pedir para eu "acertar o café". Tá, tudo bem, faz parte. O problema foi o preço cobrado: R$ 19 (!). A empresa vai pagar, mas é um abuso, não? Se eu soubsesse, tinha enchido os bolsos com pães e frutas...

A vida segue, e a caravana pega a estrada rumo a Novo Hamburgo. Chegamos às 5h30 na delegacia. Foi bem fácil porque ela ficava bem do lado da BR-116, que àquela hora não tinha movimento algum. O dia continuava escuro, e o Fernando Ramos já fazia suas primeiras imagens (na foto aí de cima). Um equipe da sucursal da RBS TV também pintou por lá.

Logo na saída, a primeira confusão. Achávamos que tínhamos de seguir o delegado, mas não. O quente da história estava com outra equipe. Daí foi um "pau" pra alcançar os policiais, com um pedágio no meio do caminho até Sapiranga pra complicar. No fim, deu tudo certo.

Na frente de um prédio de 11 andares no Centro de Sapiranga, os policiais se armavam e colocavam coletes à prova de bala. Parêntese: em operações como essa, de combate a sonegadores, quase nunca são disparados tiros. É diferente de casos encolvendo traficantes ou assaltantes de banco, por exemplo.

O porteiro franqueou a entrada no prédio, mas já tomou um calor dos policiais. Os agentes perguntaram se ele conhecia o suspeito que seria "visitado". Gaguejando e tremendo, o homem só se explicava, dizendo que trabalhava ali fazia apenas dois meses e não conhecia ninguém. Porteiro liberado, vamos em oito no elevador: quatro agentes, repórter e câmera da TV, eu e o Fernando. Oito num elevador! Talvez tenha sido o momento mais arriscado do dia.


Agora, o momento mais tenso foi quando os policiais começaram a tocar a campainha e bater na porta do homem-alvo. Não pelo perigo, mas pela demora. Esse tava num sono ferrado. Um dos agentes se preparava para dar um pé na porta, mas não precisou. Olha, acho que ele iria mesmo quebrar o pé, pois a espessura da porta não era pouca bosta.

Nosso suspeito atende a prova só de cueca e com a cara toda amassada. Não reage e ainda ganha o direito de se vestir antes de ser algemado. Depois, os policiais começam a dar uma vasculhada por cima, em busca de documentos. Não dá meia hora e já estamos fora do luxuoso apê.

Ciceroneados pelo repórter da TV, cuja família é de Sapiranga, fomos para outro ponto. Numa casa de dois pisos e pátio generoso. Estava sendo preso um motorista. A casa não era dele. Fomos informados pelo dono, que não estava muito feliz com a presença da imprensa. Ainda deu tempo de acompanhar mais dois suspeitos saindo algemados do mesmo prédio, em outro local.

De lá, fomos para a DP de Sapiranga, para o registro das prisões. A essa altura, a história já estava toda na cabeça. Logo voltamos para a estrada, não sem antes tomar um capuccino no posto em frente à delegacia. Destino: Zero Hora.

Dessa vez, a 116 já estava atrolhada. Era 10 e pouco quando consegui chegar na redação para começar a escrever. A única pausa foi do meio-dia à 1, para lamoçar em casa. Depois, tocamos direto. Teve até coletiva no Palácio da Polícia, em que uma repórter loira (não tenho nada contra, pra ficar bem claro) ficava brigando com o fotógrafo pelo celular, só porque ele foi parar na Polícia Federal (!?).

A alforria só veio às 6h da tarde, depois de muitos telefonemas e algumas paradas para responder a dúvidas dos coleguinhas que iriam usar meu material. Fazendo as contas, eu já estava há 13 horas trabalhando. Mas feliz.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Programa de índia

Como é bom ser surpreendido, ficar meio desestabilizado por conta de algo. Positivamente falando. Nem conhecia muito bem a lenda do surgimento de Santa Maria. Só sabia que tinha uma tal de índia Imembuy. Mas, agora, aprendi da forma mais lúdica possível.

A sensação se chama Musical Imembuy. Com canções e coreografias, conta a história do amor entre a índia Imembuy e o branco Rodrigues. Dessa união, nasceu José o primeiro santa-mariense. Como bem disse a Tati, uma das coisas bacanas é a escolha por uma forma moderna e fora do convencional para falar da criação de Santa Maria, do conto de Cezimbra Jacques.

Uma rapaziada do street dance se mistura com meninas do balé clássico. Junta aí vozes conhecidas da noite santa-mariense. Uma orquestra que não pode ser enxergada (está abaixo do palco), mas que faz você se arrepiar. O batuque irresistível da turma do projeto Cuica. Figurino hip hop-hippie. Tudo isso no Theatro Treze de Maio.

Enfim, uma salada que deu muito certo. Saiu da cabeça do professor Orlando Fonseca e é dirigido pelo também profe Bebeto Badke. Poderia falar de mais gente, mas aí o post iria ficar grande. 100% de Santa Maria. Quase tudo perfeito. Desde os detalhes da iluminação (na hora em que o bandeirante é capturado, repare no vermelho violento) até a harmonia entre dança clássica e moderna.


No final do espetáculo vem um refrão: "Ibitory, Ibitory, Alegra o Nosso Viver, O Nosso Lugar é Aqui, Em ti Queremos Crescer". Todo mundo no palco, vozes unidas... é de emocionar. Mesmo sem ser santa-mariense de nascença, saí orgulhoso do Theatro.

É o post mais bairrista que eu já fiz. Tem motivos. Santa Maria está completando 150 anos neste sábado. E eu já estou há cinco anos na Ibitory-retan (Terra da Alegria), como era chamada no tempo da Imembuy. O Rio Grande do Sul tem centenas de municípios, e fui parar justamente numa cidade que faz aniversário no mesmo dia que eu. Se não fosse jornalista, ganharia um feriado de vez em quando...

***

Dia 30 tem mais, na Praça Saldanha Marinho. E é bom mesmo. Não pirei ou fiquei mais sentimental pela proximidade do aniversário: a Tati Py e o Cassol também gostaram do Imembuy. Confere lá.


sexta-feira, 9 de maio de 2008

On/off

A nostalgia de hoje vem do rádio.
Tudo começou na cozinha da casa dos meus avós, pais da minha mãe, no bairro Partenon, em Porto Alegre. De um Telefunken ligado na tomada, minha avó ouvia a Farroupilha, e o vô, a Gaúcha. Aliás, o seu Luiz Alberto costumava dormir com um rádio portátil colado no ouvido. Sempre na área esportiva.

Peguei gosto pelo coisa. No Transglobe do meu irmão, numa era paleontológica pré-Internet, ficava fascinado ao ouvir línguas estranhas para um menino de 10 anos. E ficava horas na escuta de emissoras de outros estados.

Daí não vivi mais sem rádio. No estádio, por exemplo, não pode faltar o radinho. Por todo esse sentimento, jamais vou jogá-lo no juiz. E me acostumei com rádio AM. Por força do ofício de jornalista de notícias factuais, não vi nada parecido em termos de imediatismo. Nem um meio tão próximo da vida real. Bem mais que a TV. Por isso, não largo essas emissoras que são toscas, sim, mas que tem seu lado verdadeiro.

Claro, também tenho meu lado FM. Mas, hoje, com a possibilidade de carregar um caminhão de músicas em um pequeno tablete, já está bem enfraquecido. Foi-se o tempo, numa época estritamente analógica, que a Ipanema FM, de Porto Alegre, foi referência. À noite, Katia Suman tinha um programa com muito rock n'roll. Como o Led Zeppelin nunca faltava (a música de abertura do horário era, inclusive, Misty Mountain Hop), era impossível não escutar. A rádio também tinha a característica de rodar as músicas inteiras, sem cortes, sem remix e sem "barulhinhos" que identificavam a emissora. E a Katia ainfda ficava lendo matérias inteiras de uma distante Folha de S.Paulo (hoje ao alcance de um clique), trazendo novidades. Ainda por cima, ela tinha comentários ácidos e engraçados, falando um portoalegrês dos mais típicos.

No fim, viciou. E sempre houve uma espécie de sonho de trabalhar em rádio. Mas, no jornalismo, acabei enveredando para a escrita. Agora, às quartas e às sextas pela manhã, perto das 9 e meia, mato a sede da latinha com alguns segundos na Itapema FM de Santa Maria. É só uma chamadinha, falando o que vai sair no jornal no dia seguinte. É uma rapidinha, mas é boa.

Eu iria até comentar que o mundo seria mais perfeito se os aparelhinhos de MP3 tivessem também rádio AM embutido. Mas percebi que esse artigo existe. Não é Brastemp a marca, mas acho que satisfaz alguns desejos.

Não quero que as AMs desapareçam. Mas também lamento o uso político delas. Vejam quantos radialistas acabam eleitos. E quantos políticos são donos de rádios. Para esses todos, volume baixo ou, simplesmente, off (sim, porque nem o meu radinho portátil AM/FM, que é verde-amarelo, vem com o "desliga").

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Me cita nesta tribuna

"Os acúmulos do senhor socializados com esse par"
"A concretude dessa grande obra"
"A grandiosidade dessa grande pessoa"
"Estes são apenas UM dos problemas da cidade"

A melhor comédia da TV passa no canal 16 da NET. Não perca. Terças e quintas à noite, com várias e várias reprises ao longo da semana.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Averiguaram a vaca


3h15
O horário está registrado no celular do plantão. As primeiras palavras, puro reflexo:
- Luiz, do Diário.
- Luiz, é o Flávio da portaria. O pessoal da Brigada ligou pra dizer que tem uma vaca lá na frente do CO (Centro de Operações da Polícia Civil).
- Como é que é? Uma vaca? Daonde?
- Lá de Itaara, acharam aqui em Santa Maria. A sargento Mara diz que sempre pedem pra eles avisarem das boa. Se a gente não for, tenho de avisar ela. Que aí eles ficam com a vaca lá mais um pouco.
- Pode deixar que eu mesmo vou. Pode avisar.

É o tempo de vestir calça, camiseta, blusão e casaco. Mais touca. Achei que estava um gelo na rua, mas não. Chamei um táxi do ponto da esquina e me fui pra delegacia da Andradas. E não que tinha uma vaca mesmo? Amarrada numa grade dum corrimão da entrada do CO. Quietinha ela. Bem tranqüila. Ali perto, três PMs. Dois homens e uma mulher. Fui pegando a história e batendo foto. A Andorinha (o nome da novilha) se incomodava um pouco com o flash, mas não fez escarcéu.
Enquanto isso, o futuro dono da vaca discutia o preço do transporte com outro cara que ia fazer o carreto da vaca. Afinal, ela já estava vendida a prestação pelo dono, que é de Itaara. 300 quilos de vaca por R$ 1 mil.

No final, lá se foi cada um pro seu lado. Menos a Andorinha, que foi socada numa Kombi. E não estamos falando da Kombi de carroceria aberta. Não adianta, não tem horário pra ver coisas muito estranhas.
Depois dessa, voltei pra casa. Eu, ao contrário da Andorinha, podia escolher.


sábado, 3 de maio de 2008