sexta-feira, 4 de abril de 2008

As origens 2

Entre 1984 e 1986, o Correio do Povo ficou fechado. Antes disso, o Breno Caldas tinha torrado uma grana na TV Guaíba. Depois de um tempo, não teve como segurar o rojão. Apesar de não ter o hábito de olhar o velho Correio na infância, fiquei sentido. Porque não via mais os caminhões passando carregados de bobinas de papel ou de jornais empacotados. Enxergava tudo isso da porta da loja de vinhos e bebidas da família na Getúlio Vargas, em Porto Alegre. A uma quadra dali, ficavam as oficinas do Correio do Povo. O prédio administrativo foi preservado e restaurado pelo Zaffari, mas o megagalpão onde o jornal era impresso virou hoje um hipermercado dessa empresa.
A volta do Correio, já nas mãos da família Ribeiro, foi marcada por uma campanha maciça, em que a assinatura era de graça. Então, muita gente, mas muita gente mesmo assinava o tablóide repleto de notícias resumidas. Inclusive eu.
Naquela época, saía pela manhã para ir à aula. E cruzava a pé todo o bairro Menino Deus para chegar até a Azenha. No caminho, as casas eram sem grades, os prédios de portas abertas e sem interfone. Cenário propício para uma travessura: eu e um vizinho, que estudava na mesma escola mas numa série abaixo, íamos arrecadando quase todos os Correios pelo caminho. Depois, chegávamos na aula e os distribuíamos para os colegas. Tudo bem que o jornal era de graça, mas hoje não vejo muito sentido em tudo isso. Mesmo fazendo parte do mundo do crime, dá pra dizer que foi meu primeiro emprego no jornalismo...

Hoje, o jornal é da Igreja Universal do Reino de Deus. Triste. Mas antes isso do que fechar, botar gente na rua e deixar de fazer parte da concorrência.

Um comentário:

Lo disse...

:)
adorei.
qdo tu faz aquela viagem pro canadá?