segunda-feira, 7 de abril de 2008

Riscos existem. Eu rabisco

Lá se vão 10 anos de carreira no jornalismo, entre coluna em jornal de bairro, estágio em prefeitura e jornais diários. Nesse tempo todo, dá para contar nos dedos as vezes em que minha integridade física correu algum risco.

A primeira ocorreu em 1999, quando ainda era um mero estagiário da prefeitura de Viamão, na Região Metropolitana. Só que lá estagiário era gente. Até demais. Trabalhava bem mais de cinco horas e, quase sempre, ainda ficava engatado no fim de semana.
Pois foi numa noite quente de sábado que vi a morte de perto. E não foi nada tão poético como em O Sétimo Selo, do Bergman. Minha tarefa era fotografar o 1º Festival de Hip Hop, na Praça Júlio de Castilhos, no Centro. Um palco foi montado entre o Centro Administrativo e a Casa de Cultura, bem no Centro, para receber cerca de 30 grupos "de mano". Ah, eu também tinha de escrever a respeito, claro.
Passava das 10 da noite, e tudo ia bem. Não sou brigadiano, mas arrisco que havia umas 500 pessoas prestigiando o festival. Lá pelas tantas, bem do lado do palco, rolou uma pancadaria. Até aí, tranqüilo. Eu estava em cima do palco, bem de canto, só olhando a confusão. E não é que um maluco resolve sacar um revólver? Bom, a bala comeu. Até hoje não consegui assimilar quantos tiros foram dados, mas arrisco que chegou a meia dúzia. Ainda bem que o cara era meio perturbado. E muito ruim de mira.
Os disparos foram a esmo e não acertaram ninguém. E hoje até acho graça da correria. Saiu gente para tudo o que é lado, em tempo recorde. Inclusive o atirador. Eu não me mexi. Fiquei meio catatônico com aquilo tudo.
Já tinha visto tiroteio de perto quando criança, depois de um assalto a banco no Menino Deus. Também já visitei a casa de um amigo bem na hora em que o namorado da irmã dele, com um três-oitão, resolveu fazer a residência de alvo, no Partenon. Mas nada como essa experiência na vida adulta, na profissão.
Depois do tumulto, alguns manos continuaram a mostrar sua poesia. Só que muitos refrões pedindo paz perderam o sentido naquela noite. Tanto que menos de 50 pessoas permaneceram fiéis ao festival. Nem a Brigada Militar ficou, talvez porque a maioria era negra e pobre.
Episódios como esse revelam quão frágil pode ser a vida. Não fui herói nem pretendo ser, a não ser que a situação exija muito. Afinal, penso nos que gostam de mim e que gostariam de continuar tendo a minha presença por perto.

Lembro tudo isso porque fiquei sabendo nesta segunda-feira, Dia do Jornalista, que algumas pessoas querem a minha cabeça, literalmente, por conta de coisas que escrevi no jornal. Não tenho medo, mas prometo que vou me cuidar. Pois quero continuar atualizando este blog por um bom tempo.

***

Aguarde. No próximo capítulo das situações arriscadas, o dia em que, entre a Santa e o Porto, tinha um assalto a carro-forte.

3 comentários:

Anônimo disse...

a gente vai fazer uma vaquinha e contratar um segurança pra ti

ou vamos fazer um arrastão e acabar com esses caras que estão te incomodando!

Fran Rebelatto disse...

Eu acho que isso só vem engrandecer ainda mais esta linda trajetória...hehe...Te cuida sempre...e agora literalmente....

Cor de Rosa e Carvão disse...

Viam�o: huahuahua! Eu fiquei livre dessa. O magd�o j� sabia que era coisa pra macho.

Santa Maria: putz! que merda!!!! te cuida a� meu caro. Te amo e quero que continue aqui, n�o s� para atualizar o blog, mas para continuar a fazer parte da minha singela vida.

Bom findi.