Que me desculpem aqueles que gostam de baile de Carnaval, mas para mim o melhor da festa de Momo é o desfile das escolas de samba. Fui premiado com uma amostra de respeito, no sábado, em Florianópolis. Quatro escolas desfilaram. Todas com defeitos e méritos, mas com muito samba no peito e no pé. Quem nunca teve a oportunidade de conferir um desfile de perto não sabe o que está perdendo. Como continuo gostando muito de brincar de fotógrafo e fui favorecido porque estava credenciado para a cobertura do evento, não pude deixar passar. Mais abaixo, dá para conferir algumas imagens sensacionais. Com um espetáculo desses, fica fácil dar o clique. Até eu consigo.
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Peguei um táxi do bairro Abraão para a passarela do samba em Floripa, que, por sinal, tem um nome ótimo (Nego Quirido). Saí lá pelas 9 e meia da noite da casa da Alexandra, que já tinha ido para a cobertura. A viagem foi bem tranqüila, pelo menos até o ponte Governador Pedro Ivo, que estava com um congestionamento de leve.
- Isso aí (o desfile de Carnaval) é coisa do Diabo. Só tem veado, maconheiro e ladrão nisso. Esse temporal que deu esses dias em Santa Catarina é um alerta de Deus. Com tanta blasfêmia junta, essa passarela vai afundar - disse o taxista evangélico.
E assim foram mais 15 minutos de versículos bíblicos, sermões e história de vida. Cheguei a pensar por alguns segundos se eu iria para o inferno, por gostar daquilo tudo.
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Alguns "colegas" da imprensa de Florianópolis se destacaram na passarela do samba. Não pela cobertura, mas pela quantidade de cerveja consumida. Teve um fotógrafo de um jornal diário que revezava o tempo todo as mãos: hora numa lata de cerveja, hora na máquina de trabalho.
Houve outro que trabalha numa emissora de tevê e estava de folga. Do trabalho, não da cerveja. Apesar de estar no espaço reservado para a imprensa, não se fez de rogado e levou duas sacolas térmicas (com o logotipo da empresa que o emprega) forradas de cerveja. E ainda tentou sambar com tudo o que é mulher. Realmente, é um profissional. Da folia.
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O pessoal da capital catarinense parece não ser muito chegado a organização. Faltou mais orientação, por exemplo, para o pessoal que comprou mesa na passarela do samba. Lá pelas tantas, uma senhora invadiu a sala de imprensa aos gritos:
- Que bagunça isso aqui! Onde é essa merda da mesa 19?
Uma mulher de porte avantajado, ligada à prefeitura de Floripa, foi atendê-la. Chamava por rádio o responsável pelo setor, mas não vinha resposta. O atendimento foi de uma certa ironia. Era possível até ver um sorriso no canto da boca. A senhora aflita pela mesa não perdoou:
- Você é uma palhaça!
Seguiu-se uma discussão aos gritos. E a guarda municipal foi chamada para acalmar os ânimos. Nessas horas, nada melhor do que uma pessoa equilibrada para ajudar. Como o rapaz, também funcionário da prefeitura, que usava uma camiseta escrita "apoio" nas costas. Pois bem, o "apoio" veio de forma sutil:
- A senhora é uma vagabunda!
No fim, a senhora, que também havia esquecido a educação em casa, foi encaminhada para sua mesa. E os amigos da prefeitura puderam continuar o que estavam fazendo, ou seja, nada.
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2 comentários:
Bah, mas que luxo esse Carnaval! Quando tu voltar e ver as escolas daqui vai achar um lixo.
Aliás, os desfiles de Porto Alegre foram uma vergonha. Pobre que dói!
Beijos e bom retorno...
Brigadu, Tatinha. Só não te esquece que fiz uma seleção das melhores cenas. Eles também tem uns probleminhas. Mas achei td lindo!
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