sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Mutações


Entre 1 e 2 da manhã, ele levanta da mesa para ir ao banheiro. Deixar a mesa é um sacrifício. A cabeça já não está assim... tão no lugar. Um gole de cerveja como incentivo, e lá vai ele. Antes do Wanderlei Cardoso, um obstáculo: um gordinho de meia-idade e camisa social de cor clara está no meio do caminho com sua cadeira (meu pai, como é que a dona do bar não viu isso???!!!). De ladinho e beneficiado por um regime recente, ele passa incólume. Chega na porta estilo saloon. Os reflexos são mais lentos e, só depois de um tempo, percebe que acabou acertando a pleura de alguém com a tal portinha, naquele movimento de vaivém.
Finalmente, ele ingressa no ambiente fétido. Mas dois alguéns chegaram antes, um no mictório e outro no vaso sanitário. Enquanto aguarda, assobia, ao lado da porta estilo normal. De repente, ela se abre. O cabelo é curto e moreno. A jovem olha bem nos olhos dele. Em seguida, desvia o olhar para a placa na porta, que diz "masculino". Ela gira o pescoço e observa a outra porta lá fora: "feminino". Volta a mirar os olhos do incrédulo:
- Ahhhhh. Aqui é o dos rapazes...
A garota dá meia-volta. A porta se fecha. Direto da frente do vaso sanitário, o barbudo não se contém:
- Em noite de Mutantes, a gente não pode esperar menos do que isso.

***

O som é dos anos 60 e 70, mas parece atual. Pelo menos para os meus ouvidos. Deu para criar uma boa expectativa para as próximas amostragens do Jardim Elétrico (na foto divulgação lá de cima), que atacou só de Mutantes ontem à noite no Zeppelin. Baita repertório e baita instrumental (mas o tecladista ainda pode ousar mais, e a vocalista tem de perceber seus limites).


O melhor da noite: a Mila tava comportada.

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